E a faxina?

Comentário da cientista política Lucia Hippolito na CBN:
"É muito arriscada a decisão que o PT tomou a respeito do relatório do deputado Osmar Serraglio, que deve ser votado hoje. O partido decidiu apresentar um substitutivo, isto é, um relatório paralelo.
O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral, preparou um script. Primeiro, vota-se o relatório do deputado Osmar Serraglio.

A CPI tem 31 membros votantes, porque o presidente só vota em caso de empate. Os governistas estão contando com 17 votos para derrubar o relatório.

Se isto acontecer, ainda segundo o script, vota-se o relatório paralelo elaborado pelo PT.

Acontece que se, pelo menos 16 membros também não aprovarem o relatório do PT, não vai haver relatório nenhum.
E aí, ninguém sai vitorioso dessa batalha. É ilusão pensar que, se nenhum relatório for aprovado, os envolvidos no mensalão vão escapar sem nenhum arranhão.
Esta CPI já cumpriu seu papel, já justificou sua existência. Apresentou à população brasileira um dos mais completos mapas da corrupção, do aparelhamento do Estado, do loteamento dos cargos públicos para apropriação privada.
Do uso e abuso do caixa dois em campanhas eleitorais; das relações para lá de promíscuas entre dirigentes partidários, empresários, banqueiros e empreiteiros.
Da utilização de agências de publicidade como veículos de apropriação de dinheiro público.
Da falta de caráter, vergonha na cara e decoro de inúmeras autoridades, justamente de quem o país esperava um comportamento diferente.
Mas como uma CPI é, por natureza, um instrumento da oposição, seja ela quem for, o ônus de melar o resultado de uma CPI cai sempre nas costas do governo. É inevitável.
Portanto, imagina-se que o PT deve ter refletido bastante antes de decidir por uma posição tão arriscada. Se conseguir aprovar o relatório paralelo, vai confirmar as piores suspeitas de o partido, o governo, e até mesmo o presidente Lula, têm culpa no cartório.
Se derrotar o relatório de Osmar Serraglio e não conseguir aprovar o relatório paralelo, melando inteiramente o resultado final, ainda assim o PT vai entrar na campanha eleitoral com a responsabilidade de ter impedido uma faxina nos usos e costumes da política brasileira.
Nada bom para o antigo “partido da ética”.
O PT pode ter entrado naquela situação conhecida como: “se aprovar o bicho pega, se melar o bicho come”.

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