Paulistano: sobrevivente e cidadão do mundo “São Paulo é paisagem urbana em eterna mutação. De imperdível, apenas ela própria e seu estilo mutante. Acompanhá-la nesse processo e continuar a amá-la é simultaneamente, uma benção e uma maldição.” Márcia Denser Neste 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, revisito uma antiga crônica minha (escrita há uns seis anos) sobre esta cidade que um dia acreditei minha. Contudo, sinto que ambas envelhecemos, mudamos – e não para melhor, ao contrário – e, talvez por isso, nos estranhemos cada vez mais. Todavia, continuo paulistana de quatro gerações. Meu tataravô, Norbert Denser, foi um berlinense que, em torno de 1850 e por razões desconhecidas, deixou a Alemanha pelo porto de Dantzig, embarcando sozinho num cargueiro dinamarquês com alguns livros, a caixa de ferramentas e uma capa de oleado. Um mês depois aportaria em Santos e, num estado de calamitoso orgulho, subiria a serra pela estrada de ferro inglesa rumo a condições climáticas mais d...