Joanão e outras minifábulas Antonio Prata Um dia a joaninha tomou coragem, cobriu as costas com fita isolante, fez uma cara de túmulo e se juntou aos seus ídolos: a turma de besouros góticos que se reunia, toda noite, ao pé do cupinzeiro abandonado. "E aí, pessoal?", ela murmurou, na voz mais deprimente que conseguiu. "Sai fora, joaninha!", rosnou o líder dos besouros. "Que joaninha?! Eu sou um besouro pequeno, de outro tipo!". "Ah, é? Então que que é isso?!", perguntou o líder, arrancando a fita isolante. "Saco... Beleza, mas ninguém me chama de joaninha, ok? Todo mundo me conhece como Joana". "Nem vem, joaninha! Tem lugar p'cê aqui não, fofa!". "Eu não sou fofa!". "Ah, não? Vermelhinha com pintinhas pretas?! Parece um moranguinho alado!" –e todos os besouros góticos riram. "Moranguinho, o escambau! Isso aqui é tipo, tipo um, um mar de sangue fresco, cheio de besouro morto afogado depois que um...