Resistência em nosso chão José Ronaldo Santos O Alcides Inocêncio, o “Arcide Bambá”, descendente de negros da Ilha do Mar Virado, terminou seus dias na Praia do Perequê-mirim, em Ubatuba. Em qualquer momento que a gente se encontrava ele cumprimentava: “Olá, primo! Tudo bem?”. Os laços vinham de longe, da Tia Gaidinha, a segunda esposa do Nhonhô Armiro. Sempre nos demos muito bem. O “Bambá” adorava contar histórias da ilha onde nasceu, das prosas e dos causos escutados nas rodas de conversas, sobretudo a respeito dos ancestrais negros. Foi dele que, pela primeira vez, ouvi a referência ao “cucochila fuá” (será que não era fué? nem sei se é assim mesmo que se escreve), um recurso para avisar que alguém tinha morrido no porão do navio tumbeiro, na travessia da África para o Brasil. “E era muito recorrente isso!”. - Mas que palavra é essa? Quem lhe ensinou? O que quer dizer? - Era dizer da mamãe e de mais gente que era a nossa parentalha. Diziam que era palavra da língua da terra...