Opinião

Reajuste com tom político

Editorial do Estadão
O governo segurou o preço dos combustíveis o quanto pôde. Afinal, a majoração dos preços da gasolina e do diesel é uma medida impopular, seja porque afeta diretamente o bolso de todos, seja porque pode aumentar a inflação. Mas do último aumento que autorizou, em setembro de 2005, até agora, o preço do petróleo subiu quase 100% e o governo não tinha mais como postergar o reajuste - de 10% para a gasolina e de 15% para o óleo diesel, nas refinarias. Mas, em nova demonstração do que é capaz para não abalar sua popularidade, decidiu abrir mão de parte da receita tributária - cuja preservação dizia ser essencial à política fiscal - para reduzir ao máximo o efeito da alta nos postos de combustíveis.
O represamento do preço da gasolina e do óleo diesel por dois anos e cinco meses corroía os resultados operacionais da Petrobrás e já comprometia sua capacidade de investimentos. Até razões de mercado - entre as quais a necessidade de competir com o álcool, mais barato do que a gasolina - foram invocadas para justificar a decisão do governo de não aumentar os combustíveis. Essas explicações seriam aceitáveis se tal política não provocasse distorções. Mas provocou.
Para os acionistas da empresa - o maior dos quais é o próprio governo -, a mais evidente foi a redução da rentabilidade da empresa, que seus dirigentes tentaram justificar com argumentos como o aumento dos custos de manutenção das plataformas ou o atraso na entrega de equipamentos encomendados.
Outra distorção foi a perda da capacidade de investimentos da Petrobrás, justamente no momento em que ela precisa investir nos novos campos de petróleo e gás identificados na Bacia de Santos. Apenas num desses campos, o de Tupi, por exemplo, os investimentos necessários são calculados em, no mínimo, US$ 20 bilhões. Além de aplicar em exploração, a empresa precisa investir também em refinarias, para as quais vem procurando sócios, mas a contenção artificial dos preços dos combustíveis afugentava os que podiam ter interesse na associação com a Petrobrás.
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