Opinião

Pioram as contas externas

Editorial do Estadão
Depois de cinco anos de superávits, o Brasil fechará no vermelho, em 2008, sua conta corrente do balanço de pagamentos. Voltará a depender do ingresso de capitais para equilibrar as contas externas. O investimento estrangeiro será mais que suficiente, mas, apesar disso, há motivos para preocupação. O dado inquietante, por enquanto, não é a mudança, mas a sua velocidade. O saldo positivo caiu de US$ 13,64 bilhões em 2006 para US$ 1,46 bilhão em 2007. Neste ano, até março, o saldo negativo já chegou a US$ 10,76 bilhões e o acumulado até abril será provavelmente maior que os US$ 12 bilhões previstos pelo Banco Central (BC) para todo o ano. O mercado financeiro já estima um déficit de US$ 16,6 bilhões para 2008 e de US$ 22 bilhões para 2009.
Se o mercado estiver certo, o déficit na conta corrente ainda será moderado neste ano, e facilmente financiável. Equivalerá a cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), se a economia, como se prevê, crescer 5%. Até agora, nada parece impedir esse crescimento, sustentado principalmente pela demanda interna. Mas ninguém sabe até onde irá a deterioração das contas externas e quanto aumentará a vulnerabilidade do Brasil a turbulências originadas no mercado internacional.
As transações correntes do balanço de pagamentos são formadas pela balança comercial (exportação e importação de mercadorias); pela balança de serviços (composta principalmente de juros, lucros, dividendos e viagens); e por transferências unilaterais (onde se inclui o dinheiro remetido pelos trabalhadores brasileiros no exterior).
O superávit em conta corrente foi garantido, nos últimos cinco anos, principalmente por elevados saldos comerciais. No ano passado, o Brasil faturou com exportações US$ 40 bilhões a mais do que gastou com importações. Mas o resultado comercial vem diminuindo aceleradamente, porque o valor importado tem crescido muito mais do que a receita de vendas. O saldo comercial foi de US$ 8,72 bilhões entre janeiro e março do ano passado. No primeiro trimestre de 2008 ficou em US$ 2,83 bilhões, valor 67,5% menor que o de um ano antes. A balança de abril ainda não foi fechada, mas o resultado acumulado no ano, até o dia 27, não passou de US$ 4,17 bilhões, com redução de 66,5% em relação ao saldo de igual período de 2007.
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