Das térmicas



Fumaça que se esgarça no ar...

Sidney Borges
O ar quente sobe e faz subir urubus e planadores. Em meados dos anos 80 choveu uma semana em Bauru, capital brasileira do vôo-à-vela. No sábado a chuva parou e no domingo abriu aquele sol esperado ansiosamente. Logo depois do meio dia estávamos no ar. Trinta planadores procurando subir em meio às bolhas intermitentes e traiçoeiras que se formavam no chão úmido. Por volta das quatro da tarde a base tinha subido a quase dois mil metros e as térmicas estavam firmes e fortes. Fomos em bando voar sobre o festival de rock de Águas Claras. No ar um magnífico cúmulus indicava o ar quente que emanava do lamaçal onde acontecia o festival. Havia fumaça, muita fumaça. O primeiro a sobrevoar o local foi o experiente Udo, que rodou, rodou e de repente começou a cantar em alemão. De longe Heinz perguntou:
- Está bom aí Utto?
É focê Heinz? Fenha parra cá, tem fumaça no arr, mas está muito bom, muito differrtido, é a térmica mais engrraçada de minha fida. Hô, hô, hô... Naquele belíssimo fim de tarde Udo foi o último a pousar. Largou o planador na pista e correu para a cantina onde comeu o estoque de paçoquinhas. Sempre rindo, hô, hô, hô...

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