Coluna da Segunda-feira

Melhoria da educação depende da família

“O que percebo, em Ubatuba, é que precisamos melhorar a nossa capacidade de aglutinar forças.”
Celso de Almeida Jr.

Concordo com a percepção do Celso e acrescento que, é necessário identificar os problemas, definir prioridades e concentrar nossas forças.

Se o município definiu que desenvolver um turismo de qualidade é a meta para melhorar a qualidade de vida , temos que fazer alguma coisa para melhorar os indicadores educacionais e reduzir o alto nível de analfabetismo, em torno de 13%. Essa preocupação é manifestada por diferentes lideranças comunitárias. Um exemplo é a participação de um grupo significativo de Ubatuba na oficina regional do Plano de Mobilização das Igrejas Cristãs pela Educação, realizada pelo MEC – Ministério de Educação e Cultura em Caraguatatuba no mês de março. O objetivo da oficina era a formação de mobilizadores voluntários junto a lideranças religiosas para que estimulem as famílias a acompanharem o desenvolvimento escolar de seus filhos.

O passo seguinte seria a elaboração de um plano de mobilização do município para o qual convidamos autoridades civis e religiosas. Para isso, utilizei a tribuna popular da Câmara Municipal. Como soube que o Sr. Promotor Público visitou várias escolas do município para discutir problemas educacionais e disciplinares, achei que seria um parceiro para um trabalho com maior continuidade, porém não tive uma resposta sequer e uma atitude de incentivo. É mais comum a atitude de apagar incêndios e não trabalhar a prevenção.Por isso não vejo vontade política das autoridades municipais.

A importância desse trabalho de mobilização das famílias pode ser constatado em recente pesquisa. Marcelo Néri, coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da FGV, analisando os dados afirma: “A gente pode ganhar todas as batalhas pela melhoria da qualidade da educação, adotando as melhores práticas educacionais, mas se não conseguirmos convencer os principais protagonistas, que são as crianças, os adolescentes e seus pais, vamos perder a guerra”.

Esse estudo também contradisse o senso comum de que que os jovens de comunidades pobres deixam a escola entre 15 e 17 anos para trabalhar... O crescimento econômico tira o jovem da escola mais nas regiões ricas do país do que nas mais pobres, que não oferecem oportunidade de trabalho para os pais e seus filhos. Incentivado a consumir e, na busca de sua independência financeira, o jovem não consegue conciliar escola e trabalho.

Outras medidas para a melhoria da qualidade de ensino – a criação de um piso salarial do magistério e de uma jornada que contemple horas para preparação de aulas e estudo – vem sendo contestadas por vários governos estaduais e municipais, o que levou o magistério a decretar a greve e manifestações em todo o país na última sexta feira (24/04).

Como se vê, educação não é prioridade e as autoridades só vão tomar alguma atitude se a sociedade se mobilizar. Enquanto isso, é mais fácil jogar a culpa nos professores ou nos alunos.
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br

Nota do Editor - A coluna do professor Rui Grilo mudou. A partir de hoje será publicada às segundas-feiras, dia de maior visibilidade. (Sidney Borges)

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