Pelas barbas do profeta

Hélio Schwartsman
Chego com atraso à polêmica das charges do profeta Muhammad, mas não resisto a meter o bedelho nesse instigante assunto. Não me surpreenderam nem a publicação dos desenhos em si - a maioria dos quais bastante anódina - nem a violenta reação que se seguiu por parte de alguns grupos muçulmanos. O que me chocou foi constatar o número de vozes supostamente comprometidas com valores republicanos e democráticos que chancelaram alguma forma de censura às imagens, seja advogando pela necessidade de manutenção da paz social, seja pelo "respeito ao sagrado".
É evidente que a liberdade de expressão não é absoluta. Ela está limitada por outras garantias fundamentais do Estado Democrático de Direito, mas não me parece que retratar um profeta ou mesmo Deus com pinceladas de mau gosto ou até em situação francamente ofensiva fira a liberdade religiosa de nenhum indivíduo ou comunidade. E a "ditadura" do politicamente correto, que pretende substituir o velho "index" pela mais eficiente autocensura, ainda não foi capaz de inscrever o direito de não sentir-se insultado entre as normas máximas da democracia.
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