Fábula VIII

É terça-feira na cidadezinha. Dia em que os poderes se reúnem para discutir e votar projetos que abrem os caminhos para um futuro melhor. Mas esta terça-feira, na cidadezinha, tudo aconteceu de maneira inusitada. Os projetos foram colocados na “gaveta” para dar lugar às palavras do famoso HSA, que foi convidado para esclarecer dúvidas e prestar contas de seus atos até o presente momento. E não é que o homem foi e lotou o auditório, sem deixar muito espaço livre para a população, aquela mais interessada.
Bem, não importa, ele foi e para a cidadezinha isto seria um bom sinal, um sinal de responsabilidade, de respeito, se todos ficassem completamente satisfeitos. Falou de obras, de finanças, de saúde, de educação, de infra-estrutura, de sociabilidade, de qualidade de vida, enfim, de tudo que diz respeito à linda cidadezinha.
Já li em algum lugar que a palavra tem poder e quando bem escolhidas e empregadas se tornam uma arma capaz de mudar os rumos de qualquer discussão, convencendo até quem não entende sobre o assunto. Um discurso que inicia enfatizando que a culpa é dos antecessores sempre convence, tem poder, porque exime qualquer responsabilidade dos atos prometidos e ainda não praticados. Um discurso que compara um trabalho sério com a quantidade de inimigos feitos pela inveja, também convence, mas será que os inimigos não foram criados por quem os aponta? Será que o povo da cidadezinha acredita em tão lindas palavras? Por fim, será que a cidadezinha é movida por palavras? E os atos? Talvez as palavras sejam suficientes para convencer a cidadezinha, mas se isso não funcionar tem sempre uma vara de pescar para encher o balde do Pescador de Linguado.

Rogério Frediani

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