Dúvida...

No começo dos anos setenta eu era aluno da FAU e freqüentava o CAOC, que para quem não sabe é o clubinho dos estudantes da Medicina. Fica em Pinheiros, pertinho do HC. Lá surgiram grandes amizades, algumas se perderam pelos caminhos da vida, outras perduram até hoje, ainda que à distância. Uma vez, tomando cerveja no Riviera, um colega falou de um maluco que aparecia no pronto-socorro constantemente, reclamando de fios invisíveis que lhe tolhiam os movimentos. Os médicos resolveram “operá-lo” para retirar o incômodo. A cirurgia foi marcada e seguiu os ritos normais. Se fossem apanhados, os estudantes teriam sérios problemas pela proa. Terminado o procedimento, o paciente acordou e se viu enfaixado, tendo ao lado da cama uma caixa cheia de fios ensangüentados. Recebeu parabéns dos médicos e foi levado para um PF num restaurante próximo, onde lhe permitiram tomar apenas uma cinqüenta e um e dois copos de cerveja. Algumas horas depois o recém operado se despediu e quando imaginou estar longe das vistas dos médicos tirou a faixa e começou a desenrolar novos fios, que provavelmente tinham crescido depois da cirurgia. Manhã de sábado ensolarada. Estou na frente do computador desde as oito horas. Ubatuba Víbora, fios invisíveis...

Sidney Borges

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