Nesta foto de 1995 João aparece vestido com seu traje característico

João Alegre

Texto e fotos: Pedro Paulo Teixeira Pinto

Nos anos 50 João Alegre viveu seus grandes momentos.
“Com vinte anos de idade eu tocava muito e vivia cercado de moças. Elas iam lá em casa pedir para eu cantar. Quando era bonita eu pegava o violão e soltava a voz, mas se era feia eu fingia de doente, ficava deitado, de olho fechado”.
Os pais? Não gostavam nem um pouco e diziam para as filhas: - Você vai comer violão?
João Alegre tem 60 anos. Nasceu na Picinguaba e com um ano e meio foi morar no Sítio do Lamosa, hoje Ipiranguinha.
Autor de mais de cem músicas, “sempre gostei do mar para pescar, mas das cordas, prefiro as do violão. Meu pai, Miguelzinho, foi pescador e essa aqui acho que fiz pra ele: Marinheiro, marinheiro / Tua vida é o mar / Marinheiro / Colhe a rede / Guarde os peixes, vamos viajar / Marinheiro olhe lá fora / Vê que o mar está branco e azul / marinheiro vamos embora porque vai ventar de Sul”.
Hoje João é morador da Rua dos Nazarenos, “e por essa casinha já passou muita gente famosa. Chitãozinho e Chororó dormiram por duas vezes aqui em casa. Uma vez eu falei prá eles que não bastava que não bastava uma música, nem dez, nem cem. Bastava acertar uma na mosca”.
Recebi muita gente aqui, relata João: O falecido Zacarias, dos Trapalhões, Ted Boy Marino, Zé da Estrada, João Mineiro e marciano e vai por aí.
“O Trio Nordestino parecia mais um bando de servente de pedreiros, mas quando começavam a cantar parecia um disco tocando. Esse pessoal passava por Ubatuba para se apresentar nos circos que excursionavam por aqui”.
Na cidade o palco preferido de João Alegre, nas temporadas, era a praça da Matriz, onde nasceu o Alegre do João: “Corria o ano de 1954 e eu tocava para umas vinte garotas e uma delas sugeriu que deveriam encontrar um nome artístico para mim. Foi aí que no meio de brincadeiras e sugestões fiquei sendo o João alegre, até hoje”.
João era tido pelos seus amigos como a quarta atração turística de Ubatuba. Pela ordem era assim: a praia, o Rancho do Galo, o cinema e, claro, João Alegre.

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