PREFEITO CONTRADITÓRIO
É uma personalidade complexa, cheia de contradições em si mesma, que as não tem na lógica inexorável do seu procedimento.
Um homem soberbo, que ama as coisas mais sofisticadas da existência: a vida calma numa mansão no bairro do Sumidouro, entre flores de cores discretas (nunca as flores de cores vermelhas!), ouvindo o cantar das águas da chuva que despencam em cascata pela encosta atrás da casa, ou que vão caindo na vala aberta, que passa em frente a sua casa. Tem várias ambições, de poder, de riqueza, de prestígio social.
Vive perdido e procura arrastar seus discípulos nos emaranhados das grandes ideologias que se contradizem, quantas vezes, a si mesmas; ao lado desse homem, há uma personalidade que vive para além dos limites marcados pela razão. Pressente-se na sua “inteligência” algo de misteriosamente subtil. Responde a objeções em que estamos a pensar, sem as termos ainda formulado. Antecipa-se-nos. Dir-se-ia dotado de certo poder divino.
Detesta a agitação febril, a pressa característica da vida moderna. Na sua casa, respira-se a paz silenciosa dum claustro. Nunca se apressa, nem se precipita, nem corre. Todavia, gosta de vencer as distancias, em automóvel, a grande velocidade. Sente uma alegria quase infantil quando o carro em que viaja consegue avançar e fugir das cobranças do povo.
Pode dizer-se que é um homem sem preconceitos intelectuais, mas com preconceitos sociais. Na apreciação dum fato, duma idéia, duma pessoa, a inteligência dele age em liberdade, sem limitações de compreensão, um político consagrado, por exemplo, sobretudo se são ricos e poderosos, gozam do seu respeito e admiração.
Não se abstém de criticar, de apontar defeitos a quem quer que seja, mas não admite que se publique qualquer palavra ofensiva contra ele.
Gosta mais de ouvir que de falar, quando se trata de pessoas que não conhece ainda bem; com os mais próximos, fala mais do que ouve, conversa muito, expõe as suas opiniões, tem comentários de humor.
O homem que só vê a vida nas grandes perspectivas de seus interesses e se alheia do grande mundo que o rodeia, cria uma medida que o aliena da própria realidade humana. Expõe fluentemente, sempre com a preocupação pedagógica de fazer entender exatamente a linha do seu raciocínio, tanto as sós com o seu interlocutor como nas reuniões restritas.
Há duas exposições suas em conselhos de secretários que os assistentes afirmavam terem sido especialmente impressionantes. Uma delas foi sobre a cobertura da feira na praia do Cruzeiro. Havia secretários que discordavam da realização de tão grande obra, onde haveriam de ser investidos capitais que excederiam as nossas medidas financeiras. O ex-secretário de Meio Ambiente, era um desses discordantes. O iluminado deixou-os falar e expor as suas razões. Depois, serenamente, pegou em cada um dos argumentos, analisou-os discutiu-os, abandonou-os e traçou o quadro geral das motivações que nos obrigavam a engolir àquela obra colossal. Terminada a sua fala, não havia nada a objetar. O assunto estava esclarecido e resolvido.
Outra exposição memorável foi num dos seus últimos conselhos de secretários, ao apreciar as agitações sobre a terceirização da merenda. Aí considerou o caso em dois planos: aquele em que o que protestavam tinha razão, por não lhes ser dado a transparência que lhes era devido - e ele enumerava as faltas - e o plano em que não tinham razão e eram movidos por agentes revolucionários - e aí também enumerava as causas políticas que os impeliam à insubordinação.
E vem mais por aí, quem viver, verá.
Jairo dos Santos – PT
vereador
Um homem soberbo, que ama as coisas mais sofisticadas da existência: a vida calma numa mansão no bairro do Sumidouro, entre flores de cores discretas (nunca as flores de cores vermelhas!), ouvindo o cantar das águas da chuva que despencam em cascata pela encosta atrás da casa, ou que vão caindo na vala aberta, que passa em frente a sua casa. Tem várias ambições, de poder, de riqueza, de prestígio social.
Vive perdido e procura arrastar seus discípulos nos emaranhados das grandes ideologias que se contradizem, quantas vezes, a si mesmas; ao lado desse homem, há uma personalidade que vive para além dos limites marcados pela razão. Pressente-se na sua “inteligência” algo de misteriosamente subtil. Responde a objeções em que estamos a pensar, sem as termos ainda formulado. Antecipa-se-nos. Dir-se-ia dotado de certo poder divino.
Detesta a agitação febril, a pressa característica da vida moderna. Na sua casa, respira-se a paz silenciosa dum claustro. Nunca se apressa, nem se precipita, nem corre. Todavia, gosta de vencer as distancias, em automóvel, a grande velocidade. Sente uma alegria quase infantil quando o carro em que viaja consegue avançar e fugir das cobranças do povo.
Pode dizer-se que é um homem sem preconceitos intelectuais, mas com preconceitos sociais. Na apreciação dum fato, duma idéia, duma pessoa, a inteligência dele age em liberdade, sem limitações de compreensão, um político consagrado, por exemplo, sobretudo se são ricos e poderosos, gozam do seu respeito e admiração.
Não se abstém de criticar, de apontar defeitos a quem quer que seja, mas não admite que se publique qualquer palavra ofensiva contra ele.
Gosta mais de ouvir que de falar, quando se trata de pessoas que não conhece ainda bem; com os mais próximos, fala mais do que ouve, conversa muito, expõe as suas opiniões, tem comentários de humor.
O homem que só vê a vida nas grandes perspectivas de seus interesses e se alheia do grande mundo que o rodeia, cria uma medida que o aliena da própria realidade humana. Expõe fluentemente, sempre com a preocupação pedagógica de fazer entender exatamente a linha do seu raciocínio, tanto as sós com o seu interlocutor como nas reuniões restritas.
Há duas exposições suas em conselhos de secretários que os assistentes afirmavam terem sido especialmente impressionantes. Uma delas foi sobre a cobertura da feira na praia do Cruzeiro. Havia secretários que discordavam da realização de tão grande obra, onde haveriam de ser investidos capitais que excederiam as nossas medidas financeiras. O ex-secretário de Meio Ambiente, era um desses discordantes. O iluminado deixou-os falar e expor as suas razões. Depois, serenamente, pegou em cada um dos argumentos, analisou-os discutiu-os, abandonou-os e traçou o quadro geral das motivações que nos obrigavam a engolir àquela obra colossal. Terminada a sua fala, não havia nada a objetar. O assunto estava esclarecido e resolvido.
Outra exposição memorável foi num dos seus últimos conselhos de secretários, ao apreciar as agitações sobre a terceirização da merenda. Aí considerou o caso em dois planos: aquele em que o que protestavam tinha razão, por não lhes ser dado a transparência que lhes era devido - e ele enumerava as faltas - e o plano em que não tinham razão e eram movidos por agentes revolucionários - e aí também enumerava as causas políticas que os impeliam à insubordinação.
E vem mais por aí, quem viver, verá.
Jairo dos Santos – PT
vereador
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