Papo do Editor

Europa em perigo

Sidney Borges
A Grécia "faliu". A Comunidade Européia enviou socorro. Um caminhão de dinheiro. Precisava mais. Pelo menos quinze. Como toda ação implica em reação as bolsas desabaram em todo o mundo, inclusive em São Paulo, embora aqui a queda tenha sido pequena e administrável.

Bolsas de valores são difíceis de compreender, dizem que quem aplica a longo prazo e de forma ajuizada acaba tendo lucros. Fazer isso não tem graça, o jogo é entrar para ganhar muito, ou então aplicar em poupança. Viver em segurança aplicando em poupança, comendo legumes, não bebendo e não prevaricando é receita para uma vida longa. Quiçá aborrecida. Tédio dá câncer. Antigamente diziam o mesmo de virgindade. 

Quando os soviéticos entraram na Prússia, em 1945, os soldados, na maioria camponeses, tiveram contato com o mundo moderno. Viram casas de trabalhadores com banheiros internos e sistema de calefação eficiente. Viram o luxo da burguesia alemã, estradas bem pavimentadas, sistemas de transportes eficientes e cidades limpas, com praças bem cuidadas e edifícios públicos imponentes. O contraste com a vida espartana que levavam criou revolta.

O que esses f.d.p. foram fazer em nossa terra se tinham tudo? Por que arrasaram vilas, mataram gado e estupraram mulheres? O que queriam? O povo alemão pagou caro pela ousadia de invadir uma nação maior, mais populosa e com recursos naturais ilimitados. Mas o contraste era grande. Apesar do incontestável poderio militar a União Soviética ainda estava em construção e os camponeses viviam privações e sacrifícios.

Hoje quem visita a Alemanha e depois vai à Grécia também percebe um degrau. "Mind the gap." Como é observável a olho nu o desnível entre Alemanha, Portugal e Espanha. Na Europa unida circula a mesma moeda. Como tornar compatíveis economias tão desiguais?

Cada moeda deveria ter peso próprio. Como não acontece, de vez em quando a balança torna-se assimétrica. O lado mais pesado afunda e ameaça lançar o restante ao espaço. Não sei como será feito o ajuste, sei que vai custar caro. E não há alternativa, se a Grécia falir, sem as aspas que coloquei na abertura, arrastará bancos alemães consigo. Junto afundarão bancos franceses, ingleses, belgas, italianos, espanhóis e americanos. Brasileiros não, nossos bancos são as instituições mais sólidas do planeta com a graça de Lula e do Espírito Santo.

Alguém se lembra da teoria do dominó, tese dos falcões de Washington que levou os Estados Unidos ao fiasco do Vietnam? Não tinha fundamento, era puro delírio. O Vietnam caiu e as outra pedras do dominó - países do Sudeste Asiático - que deveriam cair em seguida, permaneceram em pé. Sem abalos.

Hoje o perigo volta. O comunismo está morto, a teoria do dominó não. Se antes era delírio, agora é real. Se a Grécia cair outras peças do dominó a seguirão. Vai ser o caos.

Twitter

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Jundu

Ubatuba