Opinião

Nem os pessimistas acertaram

Editorial do Estadão
Os pessimistas passaram anos errando, quando previam para os meses seguintes o fim da prosperidade mundial. Agora a prosperidade acabou e eles erraram de novo. O quadro internacional se mostra, dia a dia, muito pior do que eles profetizaram no ano passado, quando se admitiu pela primeira vez, em muito tempo, o risco de uma recessão global. Já se fala sem meias palavras sobre a insolvência dos maiores bancos, a quebra de alguma das maiores indústrias não causaria grande surpresa, as demissões anunciadas são medidas em dezenas de milhares e nenhuma das principais economias está livre de uma violenta retração. Nos três meses finais do ano passado, o PIB japonês foi 3,3% menor que o do trimestre anterior e 12,7% inferior ao de um ano antes, no pior desempenho observado em 34 anos. Que país poderia ser, no momento desse desastre, uma ilha de prosperidade?

Não será o caso, certamente, das economias da Ásia, contadas por muito tempo entre as mais dinâmicas do mundo. No trimestre final de 2008, o produto bruto combinado de Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan deve ter sido, segundo as primeiras estimativas, 15% menor que o do quarto trimestre do ano anterior. O mercado asiático, portanto, está encolhendo e não tem condições de sustentar, isoladamente, a prosperidade regional. Isso se reflete na economia chinesa, afetada também, e ainda mais fortemente, pela contração do mercado americano.

Em janeiro, o valor das exportações chinesas foi 17,5% inferior ao de um ano antes. Com redução das vendas ao exterior, cerca de 20 milhões de trabalhadores foram forçados a abandonar as áreas industriais e a retornar ao campo. No fim do ano, o PIB chinês ainda foi 6,8% maior que o do trimestre final de 2007, mas, comparado com o trimestre imediatamente anterior, praticamente não houve crescimento.

Na zona do euro, a produção diminuiu, no quarto trimestre, em ritmo equivalente a 5,9% ao ano. No Reino Unido, a recessão já estava caracterizada no fim do ano e para 2009 a Confederação das Indústrias Britânicas projeta uma retração econômica de 3,3%. A situação é igualmente ruim nos países do Leste da Europa incorporados na União Europeia, muito dependentes do comércio com seus parceiros mais avançados e dos investimentos das grandes multinacionais.
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