Coluna da Sexta-feira

Remédio indicado

Celso de Almeida Jr.
Não sou um crítico literário.


Não tenho, também, a pretensão de avaliar os conceitos defendidos nos textos que encontro nas mídias eletrônicas ubatubenses.

A idéia, hoje, é outra.

Quero, prezado leitor, dar apenas uma amostra de como enxergo nosso cotidiano, valendo-me de alguns pensadores da cidade.

Em Maurício Moromizato não vejo economia de palavras. Noto aquele encantador entusiasmo de militante político, do tipo que eu tanto gostaria de encontrar em nossa juventude. Maurício está aí, guerreiro. Dá o seu recado com aquela disposição que precisaríamos ver em nossos políticos, defendendo o ponto chave a fomentar: o verdadeiro governo participativo.

Em Rui Grilo vejo o educador ligado às causas populares. Posso compreendê-lo bem. Convivo com diretores de indústrias da região do Vale do Paraíba. Conheço, também, presidentes de empresas de outras regiões do país. O grito de Rui Grilo é fundamentado. Ele sabe que o trabalhador que não se organiza, que não se estrutura pela defesa de seus direitos, que não cria forças suficientes para enfrentar reações inaceitáveis de seus empregadores, poderá comprometer a sobrevivência de sua família.

Rui quer, também, que a linguagem das massas seja compreendida por nossos formadores de opinião, sem preconceitos.

Julinho Mendes é aquela personalidade que toda cidade gostaria de ter. Homem ligado as nossas raízes culturais, de sensibilidade extremada, de coragem admirável, de autenticidade exemplar, mantém vivo, com seus textos e suas ações, o pensamento caiçara; seus hábitos; sua beleza. É cidadão que merece ser consultado sobre todos os eventos culturais e turísticos que a cidade promove, dado o seu conhecimento e, principalmente, a sua disposição para fazer acontecer.

Corsino Aliste Mezquita mereceria um capítulo especial. Fui seu aluno no ensino médio. Este inesquecível professor de sangue espanhol ensinou-me a respeitar, a obedecer, a cumprir o determinado no texto mais importante de nossa cidadania: A Constituição da República Federativa do Brasil. Ele, com sua contundente oratória, despertou em centenas de jovens a disposição para o questionamento. Sua fúria espanhola, muitas vezes, contrasta com nosso silêncio covarde. Daí amargar perseguições de toda ordem. O professor Corsino erra? Ora, erramos nós, todos, alunos e professores, nesta estrada da vida. Mas o currículo e a moral desse homem determinado nunca serão manchados por processos jurídicos eminentemente políticos.

Ao citar estes quatro cidadãos, cujos pensamentos traduzem os anseios de milhares de ubatubenses, busco sensibilizar o nosso prefeito, Eduardo César, para medir o impacto que avaliações equivocadas podem produzir em sua imagem. Os desabafos de Eduardo, na rádio, atacando de forma agressiva muitas vozes oposicionistas, precisam cessar. Eu, que votei por sua reeleição e vejo muitas qualidades em seu governo, sinto-me profundamente atingido quando homens como os que eu citei são atacados.

A energia jovem de Eduardo precisa fazer as pazes com a maturidade exigida para o cargo que ocupa. Tenho muita esperança de que esse segundo mandato transforme-se num período propício para o surgimento de novas lideranças, para o debate franco, com respeito recíproco. Para tanto, o funcionário público número 1, tão admirado por sua simpatia e disposição, precisa avançar e assumir de vez o seu papel nessa importante fase da história de Ubatuba.

Paz e democracia formam uma dupla imbatível para a construção de nosso futuro. Praticá-las exige que, em muitas situações, utilize-se um remédio eficiente: um sincero pedido de desculpas a quem merece todo o respeito.

Comentários

Anônimo disse…
Existia um personagem, do saudoso Francisco Milani, chamado Pedro Pedreira, que tinha o hábito de, sem precisar de rodeios, dizer o que pensava. Lembrei muito dele ao ler esse texto do Celso. Principalmente na frase: "A energia jovem de Eduardo precisa fazer as pazes com a maturidade exigida para o cargo que ocupa", que no bom português do Pedro Pedreira, significa: "O Dudu é infantil demais para a bucha que carrega".
Eu concordo, só que a partir desse texto, o Celso também vai ser "bobo, feio, xixizento e cabeça de melão".

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