Coluna da Terça-feira

Ubatuba precisa ser atraente para quem?

Maurício Moromizato
Semana passada, na terça-feira, o secretário de turismo municipal visitou a sede da ACIU para uma conversa com os associados. Feliz iniciativa da diretoria da ACIU e do secretário, em agendar tal conversa.


Como sócio da ACIU, estive presente. Fui e cumpri com meu objetivo de ouvir e ficar calado. As pessoas ainda me vêem como candidato e não como cidadão. Por isso me forço a essa atitude em alguns lugares.

O secretário Bittencourt Jr. foi muito solícito, colocou-se à disposição dos empresários e explicitou um objetivo de fazer as coisas acontecerem.

Após a fala inicial, abriu-se a palavra aos presentes e foi de opinião geral o problema com a falta de segurança, a falta de fiscalização e a desorganização do trânsito. Para todos esses problemas o secretário enfatizou que não são de sua área e que poderá interceder junto aos responsáveis, mas que não responde por eles. Para o problema da falta de segurança informou que o efetivo da guarda municipal hoje é de aproximadamente 12 homens por turno, para a cidade inteira! Para a falta de fiscalização, colocou que haviam sido apreendidas muitas mercadorias, mas voltou a enfatizar que não é de sua alçada. E para o trânsito, em resposta parecida, foi contestado por um dirigente da ACIU sobre o fato da secretaria de trânsito não ter nenhum especialista na área. Os presentes também relataram que esses problemas acontecem em toda a cidade, não só no centro e na Avenida.

Ao dizer que a Prefeitura iria ao evento da C.V.C.,voltado para agentes de viagem, ficando no stand da secretaria estadual de turismo, foi colocado que nesses eventos os municípios se apresentam com os produtos prontos para comercialização e que não há um produto Ubatuba. Um empresário, representante do Conselho Municipal de Turismo fez essa colocação.
Houve ainda discussão sobre os problemas da Rua Guarani, o relato que há receio com o que irá acontecer no Carnaval.

Duas colocações receberam apoio de muitos presentes. Em primeiro lugar, pedindo planejamento profissional para o turismo; outra colocando a importância do saneamento básico para toda a cidade e para o turismo em particular. E foi sugerido por alguém que se descentralizem os eventos, para distribuir os turistas e consequentemente o trânsito.

Se sintetizarmos as falas, veremos que os presentes, ligados ao turismo, querem saneamento básico, planejamento para o setor turismo, segurança, trânsito fluente, fiscalização e diálogo com o poder público e descentralização. Percebe-se então, que a demanda dos empresários do turismo, em favor do turismo e do turista não é diferente das demandas de todos os cidadãos da cidade.

Falando como cidadão, acrescentaria uma saúde pública com muito mais qualidade, um hospital administrado de maneira mais transparente e no qual a população acreditasse mais, transporte público de qualidade e com maior oferta de horários e opções, atrações culturais por todo ano e por aí afora.

Durante a campanha nossa equipe percebeu um dado interessante: a cidade tem plena consciência de que o turismo é importante atividade econômica, mas os cidadãos rejeitam os turistas e a temporada já não é mais vista como a melhor opção, pois há uma forte demanda para empregos fixos, mesmo que com menor salário, e mais ainda, para reativação da indústria da construção civil e para a instalação de empresas e fábricas no município. Leiam bem: é o que detectamos junto à população. Esse dado merece atenção, pois mostra que a população vê o turismo como importante, mas o rejeita porque não se beneficia dele (sempre a opinião da população). Esse é um dado importante para o secretário de turismo e para os empresários do setor, e um desafio para reverter esse quadro. Se a população não voltar a se apoderar do turismo...

E o que ouvi dos empresários e do secretário na reunião reforçou o que sempre venho defendendo: planejamento com participação popular, transparência e isenção; “fazejamento” (li esse nome num livro de estratégia empresarial) baseado num planejamento e como parte de uma estratégia de ação para todo o município e para todos os cidadãos.

Ao secretário de turismo, deixo duas questões: quando poderemos ter um Plano Municipal de Turismo de verdade? Quando teremos o restaurante-escola (a ser instalado no terminal turístico do Perequê-Açú) pronto, fruto de verba federal, cujos recursos já foram parcialmente liberados? Deixo também um pedido de tornar público os projetos que estão prontos e que se busquem outros projetos, para que todos os agentes políticos (situação e oposição) possam se empenhar pelos recursos, através de emendas parlamentares, gestão política, etc. É possível alavancar recursos dessa forma.

E na reunião da ACIU, outro dirigente fez a observação fundamental para encararmos a cidade: “nasci aqui em Ubatuba, trabalho aqui, minha filha cresce aqui e o que eu quero é uma cidade melhor”. Taí a fórmula para Ubatuba: querer uma cidade melhor porque é aqui que vivemos e vamos continuar vivendo. O futuro de nossa cidade precisa ser construído desde hoje por quem tem esse compromisso de querer e lutar para fazer a cidade ser melhor. Mas tem que ser melhor para todos, começando pelos mais carentes e necessitados, pelos migrantes e caiçaras, que precisam ser valorizados e também usufruírem da cidade boa que queremos. Uma Ubatuba de todos e para todos. Uma Ubatuba de gente feliz.

Para isso, é preciso que os leitores entendam que é preciso haver disputa, que há muita gente ganhando com a situação do jeito que está. Que tem gente interessada em que nossa juventude pensante saia para estudar e trabalhar e não volte.

Temos que pensar a cidade como um todo, de norte a sul, da praia à serra. Aos empresários, precisamos ter em mente que nossos funcionários precisam também gostar da cidade, tem que ser valorizados, precisam de oportunidades para crescer.

Nossos jovens têm que estar estimulados a buscarem conhecimento e formação fora daqui, mas com raízes fortes para serem estimulados a voltar. Uma cidade que perde seus empreendedores e sua elite profissional e intelectual e não oferece oportunidades aos jovens está fadada à estagnação.

O poder público, qualquer que seja o mandatário de plantão, precisa ser permanentemente tensionado, pressionado, disputado. Associações como a ACIU e outras e imprensa tem que ter sempre papel crítico. Descaracterizam-se quando estão aderidas ao poderoso de plantão. Se tal tensionamento e cobrança forem feito com independência e responsabilidade, resulta num crescimento para a cidade.

Respondendo ao questionamento do título, afirmo que UBATUBA PRECISA SER ATRAENTE PARA OS UBATUBANOS em primeiro lugar e não é isso que estamos sentindo hoje.

Que tal participar mais? Vamos agir?

Comentários

Anônimo disse…
Plenamente de acordo. Enquanto não se propiciar uma melhor qalidade de vida a seus moradores, não será possível um retorno da maneira uque se almeja por parte dos turistas. As pessoas que por aqui passam enxergam que as coisas não estão de acordo. A população está descontente e issso transparece aos que vem de fora. Não se tem um infraestrutura básica de acordo. Faz-se mais na época que tem mais turistas. Por que? A população não merece?

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