Foto em CUCs

Os mendigos, enfeitados ou caracterizados, sempre com seus copinhos caça moedas, estão mais concentrados em Havana Vieja, o belo centro histórico, que vem sendo restaurado pela Unesco e é a área de maior circulação de turistas.

O copinho é adereço comum aos mendigos do Caribe. Enfeites e caracterizações servem de chamariz para os turistas e suas máquinas fotográficas.

Alguns puxam carrinhos ou caixas adornadas com santos, fitas e contas de candomblé. Cada foto vale um Cuc. E é um por foto mesmo. Se não pagar não fotografa.

“Está pensando que sou louca ou como merda? São três pesos. Você fez três fotos”, esbraveja a velha mendiga na Calle Obispo, em Havana Vieja, contra o turista brasileiro.

A polícia não os incomoda. O que já encoraja meninos e adolescentes a também abordarem turistas pedindo Cucs. Coisas do capitalismo que ganham espaço na nueva Cuba de Raul.
Os Cucs são o grande nó da vida cubana. Fazem uns melhores que outros.


Com eles se tem acesso ao pequeno mundo do consumo que já alcança a ilha – as tiendas onde há tênis, sapatos e roupas (a maioria de origem chinesa), móveis e objetos de decoração, perfumes ou comida industrializada. Sem eles só se tem acesso ao trivial mais do que simples.

O salário médio é 500 pesos cubanos, que valem 20 Cucs. Uma garrafa de rum custa entre 4,5 e 15 Cucs. Assim, no melhor modelão do capitalismo selvagem, duas sociedades convivem numa só e se digladiam.

A porção quase capitalista, com seus Cucs, empina o nariz para a socialista, que é maioria e sonha principalmente também ir ao paraíso dos Cucs para consumir da boa comida aos carros 4x4. Sem esquecer celulares e internet, que já marcam presença na ilha, mas não ao alcance de todos.

A internet discada custa 6 dólares a hora. Quase impossível para quem ganha em pesos cubanos.

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