Tá na moda?

Na minha adolescência andar de tênis fora das quadras era atestado de insanidade. A moda pedia mocassins. Os melhores eram do Spinelli da Oscar Freire e do Guido, importados da Argentina. Um belo dia o carismático primeiro ministro canadense Pierre Trudeau passou a ser notado pelas belíssimas mulheres e por usar tênis em vez de sapatos. Trudeau ficou no poder de 1968 a 1982 e a moda dos tênis começou a ganhar corpo em meados dos anos da década de 1970. A introdução serve para lembrar que moda é algo intangível, ninguém sabe exatamente como começa, mas depois que está no ar é difícil fugir dela. No princípio do governo FHC, com o “Plano Real” a todo vapor, entrou na moda a palavra terceirização. Lembro-me de um amigo que retornou dos Estados Unidos depois de cinco anos e se espantou com o fenômeno. Nos botequins de São Paulo se terceirizava bife. O arroz e o feijão nós produzimos, a salada e o bife terceirizamos, mas se o distinto quiser um ovo frito podemos incluir no plano inicial. A luingüicinha também é por conta da produção verticalizada. Em certos casos a terceirização funcionou, em outros não, mas hoje se o termo for usado na Capital, o usuário corre o risco de parecer por fora, brega, falando de coisa antiga. Mais ou menos como se expressou o ex-pugilista Eder Jofre, quando perguntaram se daria Serra ou Alckmin.
- Tá pensando que eu sou bidú?

Sidney Borges

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