O PSDB É, SIM, UM PARTIDO ÉTICO - II

Um prezado leitor produziu réplica ao nosso artigo, cujo tema versava sobre a delicada posição ética de José Serra, frente a de Geraldo Alckmin, na disputa pela indicação à candidatura à Presidência da República pelo PSDB. Em segundo plano, destacamos a história do PSDB como um partido que sempre lutou pela ética na política, contra o que se insurgiu o citado leitor, listando uma série de incriminações pelas quais baseou-se para negar ser o PSDB um partido ético, considerando-o o pior dos partidos.
Quem emite opinião, obviamente, deve estar preparado para receber contestação.Esta liberdade de expressão e de pensamento é um dos pilares de nossa sociedade democrática, portanto, há de se receber com respeito a divergência e o contraditório. Já vivemos o bastante para entender, por outro lado, que em matéria de política, religião, crenças, valores, etc. a subjetividade de nossos conceitos é uma constante, uma vez que motivos os mais variados nos movem. Estes, por sua vez, estão geralmente embasados mais em versões do que em fatos concretos. Em nossa imprensa e quiçá em outras, as versões importam mais do que os fatos. Os que acompanham o excelente programa “Observatório da Imprensa” na TV Cultura, sabem que este é um dos mais recorrentes temas ali discutidos. Outrossim, em relação aos partidos políticos e seus figurantes, em especial, comportamo-nos, geralmente, como frente ao nosso time de futebol. Até a virulência da réplica que recebemos, que nos pareceu despropositada em relação ao tema que desenvolvemos, ajuda-nos, todavia, a entender por que, após um jogo clássico de futebol, torcidas se digladiam, se ferem e se matam, ao invés de se cumprimentarem pelo bom desempenho do vitorioso e pelo belo espetáculo que assistiram. É este radicalismo, no entanto, esta virulência subjetiva, estes antagonismos nutridos sabe-se lá em razão do que, uma das principais razões pelas quais figurantes políticos que admiramos são, por outros, simplesmente detestados. Simpatia e antipatia, todavia, são, comportamentos subjetivos, imateriais. Que fatos concretos, ou razões objetivas, fundamentam a maioria de nossos conceitos e opiniões? Na realidade, isto raramente se observa. Que lógica, por exemplo, nos fez eleger um semi-alfabetizado, inexperiente, aventureiro pois, a despeito de endeusado, a um competente administrador, estudioso, comprovadamente qualificado?
Obviamente, não concordamos com a opinião do prezado leitor a respeito do PSDB, nos termos em que produziu sua réplica. A propósito diríamos que não é só ao PSDB que daríamos uma boa nota ética; outros partidos políticos brasileiros, também, merecem boas notas. Provavelmente, se fossem em menor número, os mais destacados valores éticos e morais que existem em cada um deles seriam mais visíveis, mais notados, mais reconhecidos. Não obstante, temos esses políticos de qualidade que merecem respeito e consideração, mas, que em sua grande maioria, são objeto de aleivosias, destemperos verbais, acusações falsas ou distorcidas, a contento de cada “torcedor” inclemente, apaixonado, virulento, que se porta mais como membro de uma torcida fanática do que como componente de um corpo cívico voltado, unicamente, para o bem do país.
Em nosso artigo não tencionamos denegrir partido algum, mas, apenas enfatizar a situação delicada em que se encontra José Serra, um político reconhecidamente ético, capaz e competente, que precisa reafirmar essa reputação, mesmo que seja à custa do abandono de um sonho pessoal há muito acalentado.
Assim, não tivemos a intenção de fazer propaganda do PSDB que, diga-se de passagem, não necessita de nossa opinião, nem de nossa defesa. Seu conceito generalizado na sociedade e sua apreciação são grandes e meritórios.Tivemos o propósito, sim, de enfatizar nossa grande apreciação, tanto por Serra como por Alckmin, no intuito, apenas, de salientar a necessidade de manterem a ética, pela qual tem pautado suas trajetórias políticas. São, reconhecidamente, políticos íntegros, competentes, experientes e experimentados, capazes de conduzir este país, de forma distinta da que vem sendo conduzido, notadamente sob os aspectos éticos e de competência.
A réplica apresentada é a de um bom arquivista. De seus registros arrancou uma relação de acusações que circularam, à época, criadas pelos que se achavam na oposição, tendo sido veiculadas pela imprensa durante largo tempo; versões carentes, até hoje de comprovação cabal. Denota-se na dita réplica forte antipatia pessoal. Não há o que comentar mais sobre antipatias e muito menos sobre as acusações listadas, a menos que já tivessem recebido, de forma pública, judicial, a confirmação cabal de sua veracidade. Foram e continuam sendo versões formuladas com o objetivo de denegrir e desprestigiar um governo, um partido e alguns de seus luminares. São inverdades, meias-verdades, conceitos pessoais, questões distorcidas, ou mal entendidas.
Temos, pois, sem dúvida, em relação ao nosso leitor, posições bem antagônicas sobre essas questões. Não obstante, parece-nos inverossímil, que à luz da chocante e clamorosa crise político – institucional que o país vem vivenciando há meses e ainda em desenvolvimento nas CPIs do Congresso, alguém queira afirmar, a esta altura, ser o PSDB o pior dos partidos. Se nem o PT, hoje no Poder, conseguiu, ou sequer se interessou, demonstrar serem verdadeiras as acusações que formulou durante todo o período do governo FHC, permaneceremos firmes em nossa posição e na defesa do alto conceito desse governo e do PSDB.
A causa nacional, prezados leitores, não pode ser personalística., nem partidarizada, pois, deve revestir-se, em sua apreciação, de isenção de animo e de grandeza de espírito, de inteligência social e política, pois é de vital importância para os destinos do país. Reveste-se, todavia, muitas vezes, da mesma superficialidade, ânimo preconceituoso, virulência agressiva, tão próprias das torcidas de futebol. Não subestimo ser necessário esforço pessoal e intelectual para não nos deixarmos guiar por versões infundadas, distorcidas, preconceituosas. Mas, tratando-se do bem do país, do soerguimento social e político de nossa sociedade, faz-se necessário buscar e analisar os fatos da mesma forma como se garimpa o ouro, identificando as pepitas em meio à lama abundante.
A apreciação devida aos políticos de valor, enunciada aos quatro cantos, é tônico que revitaliza todo o meio político. A incriminação deslavada e preconceituosa, ao contrário, é praga que desestimula a elevação de nossa prática política.

Ernesto F. Cardoso Jr.
efcardosojr@uol.com.br

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