Coluna da Sexta-feira

Ainda que tardia

Celso de Almeida Jr.
Nós, povo de Ubatuba, estamos presos pelas circunstâncias ou pelo não desenvolvimento de nossas potencialidades?

Esclareço ao leitor desavisado que estou me referindo àqueles com poucas saídas, desprovidos dos mais elementares recursos financeiros ou intelectuais.

Enquadro, aí, todos os que vivem equilibrados na corda bamba da falta de dinheiro, da falta de saúde, das crises familiares que fogem ao controle, do desemprego, entre outras tragédias.

Como esperar que muitos cidadãos assim mantenham pensamentos retos, condutas exemplares?

Certamente por isso a enorme procura as igrejas e a outros caminhos que garantam um mínimo de paz, palavras de conforto, apoio recíproco, faíscas de esperança.

Mas, convenhamos, paciente leitor. Não bastam lenitivos para os nossos dramas. Simplesmente suportar as limitações e os percalços da vida não é suficiente.

É possível conduzir um povo apenas alimentando-o com fé, pregando o conceito de que devemos acreditar em dias melhores de um futuro distante? Já vimos que sim. Também já assistimos que agregar a essa prática um mínimo de suporte financeiro garante canina fidelidade a qualquer liderança.

Estou delirando? Exagerando?

Faça - inteligente leitor - uma análise da política local e nacional, contestando-me, por favor.

O que realmente me incomoda não é a generosidade de quem estende a mão. É o conceito velado de que ao salvar o necessitado, confortando-o espiritualmente e financeiramente, adquire-se a posse de seu pensamento. Ao saciá-lo com o pão, estende-se, simultaneamente, a pesada corrente do controle ideológico.

É preciso libertar essa gente sofrida.

O caminho? Todos já sabem: educação.

A tarefa libertadora compete aos mais esclarecidos: associações; ongs; governos sérios; empresas e toda gente bem intencionada desse imenso país.

Cada funcionário, cada família, cada jovem, cada criança precisa das mãos generosas de quem realmente está comprometido em despertar o enorme potencial que todo ser humano carrega. Homens e mulheres que amem a liberdade e ajudem a libertar. Sem segundas intenções.

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