Petrobras e o cheiro do ralo

PF confrontará relatório e inquérito

Documento não incluído na apuração oficial indica que diretor da ANP teria se beneficiado de operações

Marcelo Auler, RIO (original aqui)
Mesmo admitindo desconhecer a origem de um suposto relatório do setor de inteligência da Polícia Federal, o superintendente da instituição no Rio, delegado Ângelo Fernandes Gioia, garantiu ontem que as informações ali contidas serão confrontadas com as do Inquérito 2415/2007. Esse inquérito foi aberto para investigar possível favorecimento nos aumentos dos repasses de royalties de petróleo para algumas prefeituras.


Segundo o documento, Victor Martins, diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e irmão do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins, teria se beneficiado com o aumento do repasse de royalties do petróleo para prefeituras que haviam contratado a assessoria da Análise Consultoria e Desenvolvimento, empresa de sua propriedade e de sua mulher, Josenia Bourguignon Seabra.

Produzido em PowerPoint (um programa de computador), o documento tem, segundo Gioia, todas as características de ter sido produzido pelo setor de inteligência da Polícia Federal. Ele afirma, contudo, não ter como garantir sua autenticidade - e por isso determinou a abertura de inquérito para investigar sua autoria e o vazamento para jornalistas. A cópia que está em seu computador foi conseguida, segundo ele, por meio da assessoria de imprensa da PF em Brasília, que a teria recebido de jornalistas.

O documento, de acordo com Gioia, possui 15 slides - nos quais, além de Victor e Josenia, são citadas outras pessoas, entre elas o superintendente de Fiscalização de Abastecimento da ANP, Jefferson Paranhos Santos. Algumas telas apresentam a chamada qualificação dos citados (nome, filiação, data de nascimento e número dos documentos) assim como suas fotos, tal e qual os documentos de inteligência policial.

O superintendente da PF no Rio também não soube responder por que o documento, se realmente é do setor de inteligência, não foi anexado ao Inquérito 2415, aberto em novembro de 2007 para investigar o aumento indevido dos repasses de royalties para algumas prefeituras. Nesse inquérito, como o Estado informou ontem, há apenas dados fornecidos pela gerência de segurança empresarial da Petrobrás dando conta de como eram calculados os repasses dos royalties.

APURAÇÃO PARALELA

A ausência do relatório no inquérito já fez com que o procurador da República Marcelo Freire, responsável pelo caso, determinasse a abertura de procedimento de investigação. Ele quer saber por que o relatório que chegou às mãos dos jornalistas não foi levado ao inquérito. Para Freire, isso pode significar que houve uma investigação paralela.

Ontem, o delegado Lorenzo Pompilio, um dos que assinaram a portaria instaurando o Inquérito 2415, garantiu que na época não existia nenhum documento de inteligência, apenas notícias colhidas em jornais. Outro delegado que pode esclarecer o caso é Oswaldo Scalezio Júnior, o primeiro a presidir a investigação, que atualmente está em São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa da PF paulista, contudo, ele não falará com a imprensa sobre o caso.

Após constatar que nada existe contra Victor Martins no inquérito oficial, o advogado Tiago Martins Lins e Silva disse que solicitou na segunda-feira informações à PF sobre outra eventual investigação envolvendo seu cliente. Até ontem, não teria recebido resposta. Na véspera, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, classificara a investigação da PF sobre o caso como "tempestade em copo d'água", baseada em dados "desconexos". O Estado tentou ouvir Jefferson Paranhos Santos, mas ele não foi localizado pela reportagem.

Nota do Editor - Victor Martins é um cidadão acima de qualquer suspeita, é irmão de um homem de esquerda, da verdadeira esquerda, da esquerda pura, constituída por heróis da raça que arriscaram a vida para nos salvar da ditadura de direita e colocar no lugar a ditadura do proletariado. Essa gente não mente e não mexe em dinheiro público. No entanto, há fortes suspeitas contra ele, as investigações avançarão e ao fim teremos três possibilidades. Na primeira ficará provado que ele é inocente.
Na segunda, sempre lembrando ao leitor que isto é um exercício mental, que ele é culpado.
Na terceira a investigação não acontecerá por que perderam os papéis no dia da limpeza.
Aconteça o que acontecer a gasolina continuará cara. Cada vez que abasteço o carro fico pensando se há vantagem em ser dono da Petrobras, pois a empresa é do povo brasileiro e eu sou brasileiro e homem do povo. Estou pensando seriamente em vender a parte que me cabe nesse latifúndio. Haverá interessados?
Waldomiro Diniz, alguém se lembra? Foi filmado praticando um crime e o filme foi exibido em rede nacional. Sumiu. Por onde andará? Em qual estatal se esconde de nós? Este foi mais um programa da série Os Intocáveis, sob o patrocínio da Petrobras. (Sidney Borges)

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