Pensata
Começar do Zero
“A cegueira coletiva existe. Basta um lider carismático apontar um caminho, ainda que enfurecido e violento, para que logo surjam milhares de seguidores praticando cegamente suas instruções. O século XX está cheio de exemplos...”
Rui Alves Grilo
E o XXI também. Marta pagou um alto preço por suas atitudes. Quem se insurge contra o lugar comum, tem que pensar muito o que fala pois aqueles que sentem que o seu poder está sendo questionado, se juntam como uma matilha de lobos prestes a atacar. A Bíblia sempre é uma fonte de exemplos, como mostra o fato de Cristo curar no sábado e viver cercado de pecadores, ou seja, o povão. E todos nós sabemos o que ele disse quando queriam apedrejar a mulher.
Marta não é simpática e “mãezona” como a Erundina. Mas o que mais admiro é o fato de, tendo origem num grupo de elite, ser capaz de lutar para que haja uma redistribuição da renda que leve em conta os mais pobres. Eu me assustei quando vi uma reportagem em que ela qualificava como bandidos um grupo do sindicato dos motoristas. E logo em seguida esse grupo foi preso e descobriu-se uma grande luta interna entre eles, em que um tentava eliminar o outro. Poucas pessoas teriam coragem de enfrentá-los como ela fez.
Também seguiu as indicações do Estatuto das Cidades que o valor social da terra deve se sobrepor aos interesses especulativos e que a taxação deve recair sobre aqueles que têm mais. Quem tem mais paga mais. Assim, o IPTU das áreas nobres foi corrigido para que grande parte da periferia pudesse receber investimentos. Isso despertou o ódio da classe média paulistana, que contou com o apoio de grande parte da imprensa que representa esses interesses. É por isso que nas zonas pobres e esquecidas pelas administrações tradicionais, ela chegou a ter mais de 70% de votos, pois foram as regiões onde houve maciço investimento durante a sua administração. Posso falar isso porque morava em Interlagos e conheço bem a região Sul.
Ela ou seus marqueteiros erraram, ou não pensaram nas conotações que as perguntas poderiam sugerir. Mas não dá para esquecer as reações de Kassab ao investir contra um manifestante, o que remete a um governante que levou o mundo à terceira guerra mundial. É irônico que essa atitude seja de um político do partido “Democrata”. Um dos direitos do cidadão em uma democracia é o direito de divergir e de se manifestar.
Não dá para começar do zero porque isso seria negar a experiência e a possibilidade de repetir os erros, como os índios que aceitaram a “Paz de Iperoig” e foram cruelmente exterminados. Cristo disse: “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como serpentes” (Mt. 10, 16)
Os partidos políticos representam um avanço na história da humanidade porque é através deles que se articulam as propostas e defesas dos diferentes grupos sociais em contraposição à defesa pelas armas e a morte do adversário. É quando a linguagem substitui os canhões. Representa uma etapa da evolução da sociedade.
“Para Ignácio Ramonet, ex-editor chefe do jornal Lê Monde Diplomatique, todos que participaram do Fórum em 2001 entendiam que a transformação pela via eleitoral não significava a possibilidade de mudanças efetivas. Tratava-se de uma luta vã, porque o neoliberalismo criara uma superestrutura que condicionava e limitava o lugar político e a conquista do poder não significava exercê-lo... a revolução bolivariana foi a primeira que demonstrou que não se pode transformar a realidade desde o alto”. A organização do povo conseguiu impedir que a imprensa continuasse a impor um único ponto de vista. Aqui, em Ubatuba quase toda a mídia impressa e as rádios estão alinhadas com o poder vigente pois dependem da verba publicitária. Todas as iniciativa que tentaram furar esse bloqueio foram perseguidas e não conseguiram continuar. Resistir é preciso e hoje, para o bem ou para o mal, a saída é a internet. Mas ela tem alcance limitado, pois até a banda larga está limitada.
Assim, hoje não são os partidos que são os vilões da liberdade de expressão mas o poder econômico. Alguém duvida disso?
Dizem dos outros partidos: “Seus militantes seguem rigorosamente a orientação dos chefes para não descaracterizar o perfil ideológico do partido. São chatos, insistentes, não argumentam. Nas reuniões amplas, onde quer que se realizem são dogmáticos, usam palavras de ordem e gritos ensaiados. São carrancudos e exibem um permanente mau humor.”
Não fomos nós que lotamos a Câmara Municipal para agredir e impedir a fala do Clodovil, direito que ele conseguiu exercitar apenas depois que a Polícia Militar retirou alguns mais exaltados de dentro do plenário.
Rui Alves Grilo
ragrilo@terra.com.br
“A cegueira coletiva existe. Basta um lider carismático apontar um caminho, ainda que enfurecido e violento, para que logo surjam milhares de seguidores praticando cegamente suas instruções. O século XX está cheio de exemplos...”
Rui Alves Grilo
E o XXI também. Marta pagou um alto preço por suas atitudes. Quem se insurge contra o lugar comum, tem que pensar muito o que fala pois aqueles que sentem que o seu poder está sendo questionado, se juntam como uma matilha de lobos prestes a atacar. A Bíblia sempre é uma fonte de exemplos, como mostra o fato de Cristo curar no sábado e viver cercado de pecadores, ou seja, o povão. E todos nós sabemos o que ele disse quando queriam apedrejar a mulher.
Marta não é simpática e “mãezona” como a Erundina. Mas o que mais admiro é o fato de, tendo origem num grupo de elite, ser capaz de lutar para que haja uma redistribuição da renda que leve em conta os mais pobres. Eu me assustei quando vi uma reportagem em que ela qualificava como bandidos um grupo do sindicato dos motoristas. E logo em seguida esse grupo foi preso e descobriu-se uma grande luta interna entre eles, em que um tentava eliminar o outro. Poucas pessoas teriam coragem de enfrentá-los como ela fez.
Também seguiu as indicações do Estatuto das Cidades que o valor social da terra deve se sobrepor aos interesses especulativos e que a taxação deve recair sobre aqueles que têm mais. Quem tem mais paga mais. Assim, o IPTU das áreas nobres foi corrigido para que grande parte da periferia pudesse receber investimentos. Isso despertou o ódio da classe média paulistana, que contou com o apoio de grande parte da imprensa que representa esses interesses. É por isso que nas zonas pobres e esquecidas pelas administrações tradicionais, ela chegou a ter mais de 70% de votos, pois foram as regiões onde houve maciço investimento durante a sua administração. Posso falar isso porque morava em Interlagos e conheço bem a região Sul.
Ela ou seus marqueteiros erraram, ou não pensaram nas conotações que as perguntas poderiam sugerir. Mas não dá para esquecer as reações de Kassab ao investir contra um manifestante, o que remete a um governante que levou o mundo à terceira guerra mundial. É irônico que essa atitude seja de um político do partido “Democrata”. Um dos direitos do cidadão em uma democracia é o direito de divergir e de se manifestar.
Não dá para começar do zero porque isso seria negar a experiência e a possibilidade de repetir os erros, como os índios que aceitaram a “Paz de Iperoig” e foram cruelmente exterminados. Cristo disse: “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como serpentes” (Mt. 10, 16)
Os partidos políticos representam um avanço na história da humanidade porque é através deles que se articulam as propostas e defesas dos diferentes grupos sociais em contraposição à defesa pelas armas e a morte do adversário. É quando a linguagem substitui os canhões. Representa uma etapa da evolução da sociedade.
“Para Ignácio Ramonet, ex-editor chefe do jornal Lê Monde Diplomatique, todos que participaram do Fórum em 2001 entendiam que a transformação pela via eleitoral não significava a possibilidade de mudanças efetivas. Tratava-se de uma luta vã, porque o neoliberalismo criara uma superestrutura que condicionava e limitava o lugar político e a conquista do poder não significava exercê-lo... a revolução bolivariana foi a primeira que demonstrou que não se pode transformar a realidade desde o alto”. A organização do povo conseguiu impedir que a imprensa continuasse a impor um único ponto de vista. Aqui, em Ubatuba quase toda a mídia impressa e as rádios estão alinhadas com o poder vigente pois dependem da verba publicitária. Todas as iniciativa que tentaram furar esse bloqueio foram perseguidas e não conseguiram continuar. Resistir é preciso e hoje, para o bem ou para o mal, a saída é a internet. Mas ela tem alcance limitado, pois até a banda larga está limitada.
Assim, hoje não são os partidos que são os vilões da liberdade de expressão mas o poder econômico. Alguém duvida disso?
Dizem dos outros partidos: “Seus militantes seguem rigorosamente a orientação dos chefes para não descaracterizar o perfil ideológico do partido. São chatos, insistentes, não argumentam. Nas reuniões amplas, onde quer que se realizem são dogmáticos, usam palavras de ordem e gritos ensaiados. São carrancudos e exibem um permanente mau humor.”
Não fomos nós que lotamos a Câmara Municipal para agredir e impedir a fala do Clodovil, direito que ele conseguiu exercitar apenas depois que a Polícia Militar retirou alguns mais exaltados de dentro do plenário.
Rui Alves Grilo
ragrilo@terra.com.br
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