Coluna da Segunda-feira
Intolerância Zero
Renato Nunes
“Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da Igreja assim o tiver determinado”. Esta conhecida frase de Inácio de Loyola, fundador da Cia de Jesus, “organização rigidamente disciplinada, enfatizando a absoluta auto abnegação e a obediência ao Papa e aos superiores hierárquicos,“perinde ac cadaver”, disciplinado como um cadaver”, hoje parece uma sombria amostra de como eram as relações entre os homens e as justificativas para suas condutas e conquistas lá pelos idos do século XVI. Felizmente hoje não é mais assim. Será?
Nem tanto. A cegueira coletiva existe. Basta um lider carismático apontar um caminho, ainda que enfurecido e violento, para que logo surjam milhares de seguidores praticando cegamente suas instruções. O século XX está cheio de exemplos, desde o nazismo com seus milhões de mortos até as seitas absurdas e governantes amalucados que chegaram a extermínios menores mas não menos graves.
O que será que leva as pessoas, algumas até bem preparadas, entradas nos estudos como se diz, a abrirem mão da alegria de ter e manifestar idéias próprias e seguir como gado os suspiros, soluços e fungos de um ranheta alucinado? Não faço a menor idéia. Deve ser alguma ação natural de equilibrio populacional ou gozação dos deuses, sabe-se lá!
Em nosso recem iniciado século XXI temos exemplos perigosos desse comportamento, alguns até bem próximos de nós. Já se nota a obediência cega em favor da imposição de um ideário político como se este fosse a única e legitima forma de ver o mundo. Não tenho nada contra os partidos políticos, mas alguns deles são a comprovação clara da existência desse embrião de radicalismo. Constituidos para organizar e canalizar os diferentes pensamentos e visões sociais nos embates sobre a melhoria de vida das nações, tornaram-se em alguns casos vilões da liberdade de expressão.
Acham que todo mundo está errado, menos eles. Seus militantes seguem rigorosamente a orientação dos chefes para não descaracterizar o perfil ideológico do partido. São chatos, insistentes, não argumentam. Nas reuniões amplas, onde quer que se realizem são dogmáticos, usam palavras de ordem e gritos ensaiados. São carrancudos e exibem um permanente mau humor.
Aqui em Ubatuba parece que o mais importante é quem organiza o debate e não as soluções propostas.
Se for tema de interesse geral e a reunião acontecer num sindicato a fatura política vai para o PT. Se for num espaço empresarial a fatura política irá para os Democratas, Tucanos e que tais. Se for numa sede náutica ou associação de bairro irá para a “zelite”, se numa escola, para o governo.....
Recentemente um caso chamou minha atenção. Estourou a crise financeira mundial a partir das tretas do sistema econômico americano, justamente no momento político mais crítico do governo Bush. Em alta o prestígio do candidato dos Democratas contra o candidato dos Republicanos, partido do governo. O Bush encaminha um plano de salvação ao Congresso. Os senadores do Partido Republicano, embora comprometidos com a vitória de seu partido nas eleições de daqui a poucos dias, rejeitam a proposta do seu presidente. Os candidatos dos dois partidos concorrentes são chamados e fazem um “pitstop” na campanha. Combinam um novo plano que vai imediatamente ao Congresso e é aprovado. É grana mais alta do que o plano rejeitado, mas as garantias ao contribuinte são maiores. Retomam suas campanhas sem que um tsunami político tivesse arrasado o sistema. Valeu o país como prioridade e não o momento eleitoral. Grande lição política
Estamos mal em matéria de prioridades. É possivel consertar tudo isso mas temos que começar do zero, e para evitar os efeitos da cegueira coletiva vou sugerir que daqui pra frente as reuniões sejam realizadas no centro de uma aldeia indígena, primeiros habitantes desta terra antes de qualquer partido político, portanto, de neutralidade absoluta.
Vou também pedir ao cacique licença para instalar alí o Centro de Manifestação de Sorrisos e Idéias Próprias ao qual darei a sigla de CMSeIP, com o e enfiado no meio das iniciais maiúsculas só porque fica mais sofisticado e original. Pelo menos é o que eu acho.
Renato Nunes
“Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da Igreja assim o tiver determinado”. Esta conhecida frase de Inácio de Loyola, fundador da Cia de Jesus, “organização rigidamente disciplinada, enfatizando a absoluta auto abnegação e a obediência ao Papa e aos superiores hierárquicos,“perinde ac cadaver”, disciplinado como um cadaver”, hoje parece uma sombria amostra de como eram as relações entre os homens e as justificativas para suas condutas e conquistas lá pelos idos do século XVI. Felizmente hoje não é mais assim. Será?
Nem tanto. A cegueira coletiva existe. Basta um lider carismático apontar um caminho, ainda que enfurecido e violento, para que logo surjam milhares de seguidores praticando cegamente suas instruções. O século XX está cheio de exemplos, desde o nazismo com seus milhões de mortos até as seitas absurdas e governantes amalucados que chegaram a extermínios menores mas não menos graves.
O que será que leva as pessoas, algumas até bem preparadas, entradas nos estudos como se diz, a abrirem mão da alegria de ter e manifestar idéias próprias e seguir como gado os suspiros, soluços e fungos de um ranheta alucinado? Não faço a menor idéia. Deve ser alguma ação natural de equilibrio populacional ou gozação dos deuses, sabe-se lá!
Em nosso recem iniciado século XXI temos exemplos perigosos desse comportamento, alguns até bem próximos de nós. Já se nota a obediência cega em favor da imposição de um ideário político como se este fosse a única e legitima forma de ver o mundo. Não tenho nada contra os partidos políticos, mas alguns deles são a comprovação clara da existência desse embrião de radicalismo. Constituidos para organizar e canalizar os diferentes pensamentos e visões sociais nos embates sobre a melhoria de vida das nações, tornaram-se em alguns casos vilões da liberdade de expressão.
Acham que todo mundo está errado, menos eles. Seus militantes seguem rigorosamente a orientação dos chefes para não descaracterizar o perfil ideológico do partido. São chatos, insistentes, não argumentam. Nas reuniões amplas, onde quer que se realizem são dogmáticos, usam palavras de ordem e gritos ensaiados. São carrancudos e exibem um permanente mau humor.
Aqui em Ubatuba parece que o mais importante é quem organiza o debate e não as soluções propostas.
Se for tema de interesse geral e a reunião acontecer num sindicato a fatura política vai para o PT. Se for num espaço empresarial a fatura política irá para os Democratas, Tucanos e que tais. Se for numa sede náutica ou associação de bairro irá para a “zelite”, se numa escola, para o governo.....
Recentemente um caso chamou minha atenção. Estourou a crise financeira mundial a partir das tretas do sistema econômico americano, justamente no momento político mais crítico do governo Bush. Em alta o prestígio do candidato dos Democratas contra o candidato dos Republicanos, partido do governo. O Bush encaminha um plano de salvação ao Congresso. Os senadores do Partido Republicano, embora comprometidos com a vitória de seu partido nas eleições de daqui a poucos dias, rejeitam a proposta do seu presidente. Os candidatos dos dois partidos concorrentes são chamados e fazem um “pitstop” na campanha. Combinam um novo plano que vai imediatamente ao Congresso e é aprovado. É grana mais alta do que o plano rejeitado, mas as garantias ao contribuinte são maiores. Retomam suas campanhas sem que um tsunami político tivesse arrasado o sistema. Valeu o país como prioridade e não o momento eleitoral. Grande lição política
Estamos mal em matéria de prioridades. É possivel consertar tudo isso mas temos que começar do zero, e para evitar os efeitos da cegueira coletiva vou sugerir que daqui pra frente as reuniões sejam realizadas no centro de uma aldeia indígena, primeiros habitantes desta terra antes de qualquer partido político, portanto, de neutralidade absoluta.
Vou também pedir ao cacique licença para instalar alí o Centro de Manifestação de Sorrisos e Idéias Próprias ao qual darei a sigla de CMSeIP, com o e enfiado no meio das iniciais maiúsculas só porque fica mais sofisticado e original. Pelo menos é o que eu acho.
Comentários
Não concordo sobre sua exposição simplista sobre os jesuitas,que tanto contribuiram para a cultura e educação em nosso pais e no mundo.
A sua exposição passa a ideia de que o mundo era perfeito e que alguns grupos é que atrapalham.
Acho que foi ,e é justamente o contrario,temos um mundo complexo em que cada um contribui como pode...
Um jovem de Ubatuba pode entrar em uma loja de motos ,com R$ 200,00;e sair com uma moto , financiada em parcelas,sem muitas garantias.
A financeira entrega um patrimonio 30 x maior do que o que foi pago.
Se existe uma "treta" ela é mundial,nos temos que avaliar o que é desejavel,e devemos assumir nossa parcela nestes erros.