Ondas eletromagnéticas no ar

Entrevistinha

Ontem fui entrevistado na TV Ubatuba. O tema foi o Ubatuba Víbora. Uma telespectadora ligou perguntando por que eu nunca fiz rádio. Foi uma risada geral no estúdio, as pessoas me vêem com alguém muito crítico, o que eu, a exemplo do que disse o ex-deputado José Dirceu, repilo. Sou apenas independente, talvez um pouco irônico, mas nunca crítico. Crítica é a forma como agem os políticos. Respondendo à telespectadora, eu até que gostaria de fazer rádio, um programa de variedades com músicas, comentários sobre a atualidade, um pouco de política, algumas pitadas de cultura e participação da população. Não é possível, o rádio em Ubatuba é uma ferramenta do poder, seja ele qual for. Mudam os governos e tudo continua como d’antes no quartel de Abrantes. Rei posto rei morto. Viva o novo rei que paga as contas. Isso fecha as portas das ondas hertzianas para mim. Eu não faço parte de correntes políticas, navego em rota própria, fora das aerovias oficiais. Ficarei restrito ao blog, embora para alegria de uns e desespero de outros, o rádio como é conhecido hoje tem vida curta. Vai para a Internet, assim como a televisão. Esta é um capítulo à parte. Televisão é o meio de comunicação mais dispendioso que existe. Com a digitalização, os meios de captação e edição de imagens tiveram o preço reduzido de forma significativa, o que deu a ilusão de que fazer televisão teria ficado mais barato. De fato, alguns elementos fundamentais da televisão ficaram acessíveis. Dou um exemplo. Uma “Ilha de Edição” no formato Beta, em 1990, custava 150 mil dólares, enquanto uma câmera de boa qualidade não ficava por menos de 30 mil. Uma mesa de som, fundamental em qualquer estúdio, podia, dependendo do modelo, chegar a 100 mil dólares. Era caro, muito caro. Hoje um computador Macintosh G-5, que custa por volta de 4 mil dólares faz todo o trabalho da ilha e da mesa de som, com qualidade digital. Câmeras de boa qualidade custam em torno de 2,5 mil dólares. Como os leitores podem ver, é só vender o Fiat usado e o estúdio está pronto, com o que há de melhor em equipamento. O problema vem depois. Quando Fernando Collor começou o “reich alagoano”, que duraria mil anos, cuidou de criar uma rede de comunicações. A TV Manchete estava à venda. PC Farias conversou com Adolfo Bloch que pediu 150 milhões de dólares. Convocado, Di Gênio, dono do Objetivo, topou participar. Foram pedir a opinião de Boni, em Angra dos Reis. Ele ouviu e aprovou o negócio. É um bom preço, disse. Comprem. Depois perguntou se eles tinham 300 milhões de dólares para rodar o negócio. Era o que iriam precisar para contratar as pessoas que fazem a televisão funcionar. O negócio com a Manchete não prosperou. De 1990 para cá os equipamentos baratearam, mas os salários não acompanharam a queda. A operação televisiva permaneceu dispendiosa. Desde que Chatô deu a "champanhada" na câmera, em 1950, televisão é coisa de rico. Vai continuar sendo. (Sidney Borges)

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