Ubatuba

O uso de drogas em Ubatuba

O Conselho Municipal Antidrogas de Ubatuba (Comad) está realizando um levantamento sobre a situação do município de Ubatuba no que diz respeito ao uso de drogas lícitas - álcool e tabaco - e as ilícitas - maconha, crack e cocaína. O objetivo da pesquisa é desenvolver ações pontuais, voltadas para a prevenção, redução de danos à Saúde, que contempla o tratamento e reinserção social, além da redução da oferta, atuando na repressão ao tráfico de drogas e fiscalização. Para cada uma dessas ações, o Comad possui grupos de trabalho específicos.
Para termos uma idéia, ainda que aproximada, dos padrões de consumo de drogas na população de Ubatuba, esse levantamento está sendo realizado de modo a contemplar a maior diversidade de público possível. Para tanto, os dados estão sendo coletados em escolas, na Santa Casa de Misericórdia, através do registro das entradas, na Delegacia de Polícia, por meio das ocorrências, bem como com a população em geral.
Nessas circunstâncias, objetivando o levantamento dos dados relativos à população geral, firmamos no ano passado uma parceria com o Programa Saúde da Família pela qual seus agentes gentilmente foram disponibilizados para a aplicação de um questionário sobre drogas nos diversos bairros atendidos pelo PSF. O Centro de Atenção Psicossocial e Saúde Mental do município também colabora com a pesquisa, disseminando-a entre seus pacientes. Nossos agradecimentos aos coordenadores dos respectivos setores da Prefeitura, Sheila da Silveira Barbosa (PSF) e Arnaldo Batista Alves (Saúde Mental).
Vale ressaltar que este é um trabalho inicial e, de certa forma, superficial tendo em vista que obedece a uma metodologia simplória, mas possível nesse momento. Na medida em que o próprio Conselho for amadurecendo em suas ações, a credibilidade e a possibilidade de obtermos verbas consistentes permitirão a realização de um diagnóstico aprofundado mediante a utilização de metodologias mais complexas.

Os resultados


O resultado desse levantamento, ainda que parcial, é alarmante. Foram entrevistadas 147 pessoas no total. Desse total, 76,8% são do sexo masculino, 85% acima de 20 anos e somente 47,6% trabalham. Com relação ao uso de álcool, 69,3% usam, 27% não usam e 3,4% não responderam. Quanto ao tabaco, 76,8% são fumantes contra 23,2% não fumantes. Em relação às drogas ilícitas, 23,8% dos entrevistados declararam-se usuários, 62,5 % não usuários e 13,6% não responderam. Dos entrevistados que se declararam usuários de drogas, 54,2% declaram fazer uso de maconha, 2,7% declaram usar maconha e cocaína, 2,0% usam maconha e crack e 2,8% são usuários de maconha, crack e cocaína.
Com relação aos dados referentes às drogas ilícitas os números são altíssimos. No caso da maconha, o número expressivo de uso declarado pode ser indício da permanência do tabu e equívoco segundo o qual a maconha não é considerada droga por ser uma substância “natural”. Cabe ressaltar que, há tempos, a maconha está longe de ser uma droga natural. Estudos recentes apontam uma quantidade enorme de substâncias químicas agregadas ao fumo produzido com a planta cannabis sativa. Conceber a maconha como uma droga natural também conduz à idéia de que é inofensiva ao organismo, que é outro equívoco. Nesse caso também são fundamentais ações de esclarecimento e conscientização da população.
Embora seja apenas parcial, os dados acima seguem a tendência brasileira e mundial, nas quais podemos observar um número bastante elevado de usuários das drogas lícitas. Vale lembrar que, embora tendo consumo legalizado, causam danos à saúde do usuário, danos graves à sociedade e custos significativos para os serviços públicos de saúde.
Campanhas de esclarecimento e conscientização acerca dos malefícios provocados por ambas as drogas serão sempre bem vindas. No caso do tabaco, além dos esclarecimentos sempre necessários, podemos tentar implementar programas de tratamento visando o rompimento do hábito do tabagismo. No caso do álcool, as políticas públicas atuais estão direcionadas no sentido de promover o chamado uso responsável (para maiores de 18 anos, evidentemente), pois são concebidas tendo como pressuposto uma visão realista e possível.

O Comad


Projetos e programas interessantes, ações pontuais ou permanentes, são inúmeras as estratégias de atuação nessa área e exemplos bem sucedidos no Brasil e no mundo não faltam. O Conselho Municipal Antidrogas de Ubatuba está funcionando regularmente desde agosto de 2006. Estamos caminhando para ampliar tanto a ação deste COMAD, quanto a adesão e envolvimento do maior número possível de pessoas e entidades compromissadas com uma sociedade livre dos danos causados pelo uso abusivo de drogas.
Para que todos conheçam um pouco esse novo Conselho, ele se subdivide em três Grupos de Trabalho Permanente, ligados às ações de Prevenção, Redução de Danos à Saúde (tratamento e reinserção social) e Redução da Oferta (repressão ao tráfico de drogas e fiscalização). Além desses grupos que contemplam ações contínuas, estão previstos Grupos de Trabalho Temporário, de caráter eventual, montados na medida em que determinadas ações pontuais se fazem necessárias, muitas vezes inclusive para subsidiar as ações dos Grupos Permanentes.

Luciana Nunes
Presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Ubatuba

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