Editorial

Sem saída

Roubaram o Rolex do Luciano Huck. Relógio caro, dez mil reais, quantia impossível para a maioria e irrisória para alguns que chegam a pagar quatrocentos mil reais por um artefato similar. Huck ficou furioso, eu também ficaria, não pela perda do relógio, mas pelo fato de ter sido ameaçado por um revólver calibre trinta e oito. Ou dá o relógio ou eu te mato. Situação desconfortável para alguém que trabalha, paga impostos e quer viver em paz. O fato suscitou um artigo na Folha do próprio punho do assaltado, o que motivou os sociólogos de plantão a dar palpites. Alguns advogam a tese de que a sociedade é a única culpada e os criminosos existem em função das desigualdades. Um dia o crime desaparecerá, perderá a razão de ser. A tese remonta ao bom selvagem de Rousseau, o que todos sabemos, não passa de uma visão romântica e idealista. Fiquei matutando sobre isso quando li na Internet que um jovem foi espancado por adolescentes rivais e morreu. Não, não foi no Rio de Janeiro nem tampouco na periferia de São Paulo. Aconteceu na civilizadíssima e rica Estocolmo, na Suécia, onde não existe desigualdade, ou se existe tende a ser desprezível. Alguém poderia argumentar que o acontecimento é raro na Suécia e banal no Brasil, o que é verdade. Mas um único caso é suficiente para ligar o sinal de alerta, ninguém pode ignorar a crescente onda de violência que assola o mundo. Um dos fatores que mais contribuem para a desordem social é o aumento populacional desordenado. Nasce gente como nascem cachorros, sem controle, sem perspectiva de futuro. Cães abandonados acabam morrendo à míngua, pessoas também, a vida é curta para jovens de periferias e favelas que dificilmente chegam aos trinta. Não será fácil encontrar uma solução de curto prazo capaz de mudar o panorama hostil de nossas cidades, autênticas selvas, com predadores espreitando cada passo que damos. Procriar com responsabilidade e cuidar das crias com carinho, dando educação, valores éticos e humanos pode ser um bom começo. No entanto, como falar em valores éticos em uma terra governada por políticos do calibre de Renan e Sarney? Nuvens negras pairam no horizonte...

Sidney Borges

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