Política

Reunir é um direito do cidadão

Rui Alves Grilo
“Ninguém está se reunindo contra o prefeito, nem contra ninguém. Estamos reunidos porque é um direito que temos e que qualquer cidadão tem”. Assim, a Meg, assessora do Clodovil, sintetizou a sua visão sobre a reunião realizada na Câmara, no dia de ontem, 17/10/08 com o objetivo de organizar um fórum com o mesmo espírito daquele proposto pelo Clodovil.
Aos vereadores que não foram eleitos ele sugeriu a formação de uma comissão de fiscalização, porque no próximo mandato não haverá oposição pois todos os vereadores eleitos fazem parte da base de apoio do prefeito. Essa proposta do deputado foi ampliada com a presença e a participação de militantes de vários partidos e de várias instituições da sociedade. O objetivo do fórum, que ainda não tem um nome, é a unidade em torno de propostas políticas comuns, respeitando-se as diferenças, dentro de um padrão de civilidade e de diálogo.
A palavra política foi empregada no seu sentido mais nobre, como a arte do diálogo entre aqueles que vivem na polis (cidade) e que, para conviver precisam estabelecer regras de convivência e juntos lutarem pelos direitos e contra a opressão. O Fórum foi coordenado e aberto pelo Sr. Gerson Florindo. O primeiro a usar a palavra foi o Sr. Mauricio Moromizato que enfatizou a diferença entre esse fórum e os demais, devido ao seu caráter político de acompanhamento das ações e investigações da justiça porque há muitos indícios que as eleições não transcorreram dentro da normalidade principalmente no que se refere ao funcionamento das urnas.
Também é político como um espaço de formulação de políticas amplas de gestão do município e de disputa de concepções de governo. Usando a palavra, apontei a necessidade de organização desse fórum. Para exemplificar, citei várias situações já vividas, em que há alguns pontos de convergência com a situação atual em Ubatuba, e que a população teve que se organizar para defender seus interesses e colocar limites às arbitrariedades de governantes e de grupos.
Ao assumir o governo do município de São Paulo, o Sr. Jânio Quadros, com o objetivo de queimá-los, mandou recolher a coleção Retratos do Brasil que havia sido enviada às escolas e também os subsídios curriculares elaborados pela Secretaria de Educação durante o governo de Mário Covas. Para isso, ameaçou com punições todos aqueles que não cumprissem suas determinações. Apesar das ameaças, muitas escolas não devolveram esses materiais e se mobilizaram para denunciar essas arbitrariedades. Com o intuito de dividir o funcionalismo, beneficiou uma associação e se negava a receber e a atender o sindicato, o que culminou numa das maiores greves do funcionalismo municipal. Durante o governo da Erundina, São Paulo vivia uma grande crise de emprego, com o aumento do trabalho informal. Para gerar empregos, uma das ações foi estabelecer uma parceria com empresas para reformar o Autódromo de Interlagos e trazer de volta a Fórmula 1 para São Paulo. Usando de brechas e interpretações jurídicas, seus adversários, aliados ao Tribunal de Contas do Município, tentaram cassar seu mandato e só não conseguiram porque houve uma ampla mobilização política, com o apoio do renomado escritório de auditoria Trevisan.
O tráfico estava transformando o Jardim Ângela e os seus arredores no lugar mais perigoso do mundo. Somente com a mobilização de todas as correntes sócio-políticas e religiosas é que se conseguiu a redução da violência. Portanto, só há uma saída: respeitar as diferenças sócio-políticas e religiosas e unir-se em torno de objetivos comuns, que deve ser o objetivo desse fórum.
A Sra. Sonia Bonfim, relatou o descaso e a falta de discussão de políticas públicas para a criança e o adolescente, porque durante todo o tempo em que esteve à frente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, nunca conseguiu ser recebida pelo Sr. Prefeito com esse objetivo. E o mesmo acontece com sua sucessora. O Sr. Miguel Angel e outros presentes abordaram a necessidade de uma democracia participativa direta e não representativa porque há uma crise de representatividade devido à inoperância da Câmara para exercer a obrigação constitucional de fiscalizar os atos do executivo.
Surgiram propostas de organização da população para ultrapassar o nível da denúncia e atuar de forma propositiva por espaços geográficos, por temas, com a utilização de todos os recursos possíveis, tanto eletrônicos (internet) como presenciais. Ficou claro para todos a necessidade urgente de organização e mobilização.
Rui Alves Grilo
ragrilo@terra.com.br

Próxima reunião:
CÃMARA MUNICIPAL
Quarta-feira, dia 22/10/08 às 19 horas.

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