Gangorra

Bovespa fecha com retração de 11,39%, pior queda desde 1998

Na Folha:

Um mês após a quebra do banco Lehman Brothers, evento que precipitou a piora da crise financeira, as Bolsas de Valores voltaram a ter um dia dramático. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) estendeu seu pregão por meia hora e amargou perdas de 11,39%, a maior queda desde 10 de setembro de 1998. O câmbio disparou, e após uma pesada ação do Banco Central, fechou a R$ 2,16 nesta quarta-feira.
Os mercados tiveram um alívio apenas momentâneo com as medidas trilionárias para resgatar o sistema financeiro. Hoje, o foco se concentrou sobre a "economia real": a perspectiva de que as economias centrais entrem em recessão, com repercussões sobre o restante do planeta.
Na Bolsa brasileira, as ações líderes, Vale e Petrobras, tiveram baixas na casa dos dois dígitos, de 15,16% e 12,08%, respectivamente. O giro financeiro foi de R$ 8,25 bilhões, inflado pelo vencimento de opções sobre índice (contratos que negociam direitos de compra ou venda de um ativo financeiro).
Para o mercado brasileiro, o "contágio" ocorre por dois canais: primeiro, os investidores estrangeiros respondem por um terço das operações. Isso quer dizer que, se eles perdem em Wall Street, precisam fazer caixa em outra Bolsa.A Bolsa brasileira também sofre pela grande influência dos preços das commmodities (matérias-primas), num pregão em que as ações mais negociadas são ligadas ao setor de petróleo e gás, minério de ferro e siderúrgicas. Hoje, o barril de petróleo foi cotado a US$ 74,54 (Nova York) no menor nível desde 31 de agosto de 2007.
"O desempenho da Bovespa não reflete o que o mundo pensa do Brasil. Os investidores só estão saindo daqui porque querem liquidez para enfrentar a crise", afirmou o chefe de assuntos políticos e econômicos do Consulado-Geral dos EUA em São Paulo, James Story.
O dólar, um dos ativos mais sensíveis ao estresse dos mercados, oscilou entre a cotação máxima de R$ 2,200 e a mínima de R$ 2,082. E após três intervenções do Banco Central, a moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 2,166, em alta de 3,48% sobre a cotação de ontem.
"O Banco Central está usando tudo o que pode mas não está conseguindo segurar o dólar", comenta Vanderley Muniz, operador da corretora gaúcha de câmbio Onnix, que reconhece: "se o Banco Central não estivesse atuando, não dá para saber onde esse dólar poderia chegar".
Profissionais de mercado apontam que as tesourarias de bancos aproveitam o estresse do cenário econômico para puxar os preços, abrindo a diferença cotações de venda e de compra. Um operador chega a dizer que mesmo a greve dos bancos têm contribuído para a ascenção das cotas. Com poucos funcionários, distribuídos por várias agências, os bancos têm feito "jogo duro" na negociação dos preços, queixam-se corretores.
O quadro piora num momento de escassez de linhas para exportadores. Operadores aguardam iniciativas do governo no sentido de fornecer recursos para pequenos e médios empresários do comércio exterior. (Reinaldo Azevedo)

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