Conjuntura

A solução da crise está longe

Por Luiz Carlos Mendonça de Barros, na Folha:

A crise financeira continua a piorar. Em junho do ano passado -início cronológico dos distúrbios que vivemos hoje- a crise parecia localizada no segmento dos empréstimos hipotecários a pessoas de baixa renda nos Estados Unidos. Nada que realmente pudesse ameaçar o sistema bancário norte-americano e, muito menos, se transformar em uma crise financeira mundial. Mas, sabemos hoje, a questão do chamado "subprime" era apenas a ponta de um monstruoso iceberg gerado ao longo dos anos de bonança que o mundo vivia então.
Esse iceberg foi revelando lentamente toda a sua dimensão. Na medida em que ele crescia, o mercado foi voltando no tempo e buscando na história exemplos que pudessem servir como guia para seu enfrentamento. Mas esse exercício analítico simples, quase simplório, mostrou-se insuficiente para estabelecer um padrão de correção dos preços dos ativos financeiros. A realidade era sempre pior do que os mercados imaginavam, principalmente depois que o crescimento econômico mundial começou a enfraquecer na virada do semestre.
A partir daí o iceberg começou a parecer cada vez mais com o que provocou a catástrofe de 1929 e a recessão dos anos seguintes. Apesar das ações pontuais do Federal Reserve (o BC dos Estados Unidos) e do governo norte-americano, a crise atingiu segmentos do mercado considerados como os mais seguros e funcionais. Percebeu-se, então, que não se tratava mais de uma crise de confiança em algumas instituições ou ativos financeiros de maior risco, mas de uma crise sistêmica e de dimensão mundial. O mês de setembro passado pode ser identificado como o momento em que essa mudança de percepção chegou aos mercados e aos governos. Basta olhar para o comportamento dos mais variados mercados para chegar a essa conclusão.
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