Opinião

O Brasil e a Grã-Colômbia

Demétrio Magnoli
O bombardeio aéreo que devastou um acampamento guerrilheiro no lado equatoriano da faixa de fronteiras e matou Raúl Reyes, o número dois das Farc, não é um incidente isolado, mas um elemento na teia da internacionalização do conflito interno colombiano deflagrada pela política ''''bolivariana'''' de Hugo Chávez. Esse é o pano de fundo no qual se move uma política externa brasileira desfigurada por uma fatal duplicidade de orientações.

A supressão das Farc é um objetivo nacional da Colômbia. O fracasso das negociações de paz conduzidas pelo ex-presidente Andrés Pastrana e a degeneração política e moral da antiga guerrilha comunista, convertida num bando financiado pelo narcotráfico, estabeleceram o marco no qual foi eleito e reeleito o conservador Álvaro Uribe. A sua promessa de derrotar a guerrilha por meios militares conta com o apoio ativo da esmagadora maioria dos colombianos.
Há alguns anos, fustigadas incessantemente pelas forças armadas, as Farc perderam quase toda a sua capacidade de combate e retrocederam para as faixas de fronteira. Hoje, a guerrilha procura uma trégua estratégica, que seria possível apenas com a criação de uma zona desmilitarizada, nos moldes do precedente estabelecido por Pastrana. Os reféns, de um lado, e Hugo Chávez, de outro, são os instrumentos disponíveis para a execução dessa política.
Quando Chávez deu um passo à frente e se apresentou como mediador para a libertação dos reféns, a iniciativa foi descrita como um empreendimento humanitário. Logo depois do primeiro sucesso, porém, o presidente da Venezuela declarou sua solidariedade com as Farc, definiu a guerrilha celerada como um ''''movimento bolivariano com um projeto político respeitável'''' e clamou por seu reconhecimento internacional como parte beligerante. Dias atrás, na mesma linha, o caudilho prestou homenagem a Raúl Reyes, enquanto anunciava o deslocamento de tropas para a fronteira com a Colômbia.
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Comentários

Anônimo disse…
Bom dia, Sidney, transcrevo o podcast desta semana de Diogo Mainardi sbre o tema.

"O dinheiro corre de lá para cá. No caminho, morre um bocado de gente. Mas o fato é que, por trás da impostura protocomunista e anti-imperialista de FARC, de Hugo Chávez, de Rafael Correa e de Cristina Kirchner, o que brota é a bandalha mais rasteira. Nesse ponto, Lula foi uma espécie de precursor. Ele se apresentou como esquerdista enquanto foi útil, fazendo acordos com seus parceiros bananeiros e manipulando os otários que acreditavam em seu discurso brucutu. Quando o esquerdismo se tornou caro demais, ele o colocou de molho, à espera de tempos melhores.
O roubo é mais do que um instrumento usado pelos governantes latino-americanos para se perpetuar no poder - ele é a própria finalidade da política. Os colombianos mataram um bandido das Farc acolhido pelo Equador. Ainda há um monte de bandidos soltos por aí, de um lado e do outro da fronteira. Os colombianos precisam continuar a caçá-los. E se alguém reclamar, basta dizer: bum!"

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