Guerra Civil

O Rio não é o Haiti

A idéia do governador fluminense Sérgio Cabral de pedir ao Planalto um ano de engajamento do Exército no combate à criminalidade que infesta o Rio de Janeiro é muito pior do que uma suposição falaciosa quanto aos resultados pretendidos - reduzir pelo menos a níveis toleráveis a violência infernal que se abateu sobre a Cidade Maravilhosa, ou, como ele escreveu no ofício ao presidente da República, garantir a lei e a ordem na metrópole. Desse ângulo, um comandante militar ouvido por este jornal descreveu em termos mordazes o que é lícito esperar: “Blindado na rua, tropa morro acima, bandido morro abaixo e, depois de algum tempo, tchau e bênção.” E essa é uma previsão ainda otimista. Pois a mera pretensão de que a Força Armada venha a participar de “ações de natureza preventiva e repressiva, em articulação com os serviços de segurança do Estado”, nas palavras de Cabral - o que Lula resumiu na fantasiosa expressão “parceria” -, é uma irresponsabilidade que imporá ao Exército um custo exorbitante, se levar a missão repressiva ao pé da letra. Um oficial se pergunta: “Se estivermos policiando a Linha Vermelha e formos atacados pelo crime organizado, o que fazemos? Respondemos ou apenas enterramos o nosso soldado morto?” O problema é outro, a rigor. Para dizê-lo em português claro, não é que o recruta morra - é que o recruta mate. Assim como não poderá se resignar a enterrar os seus mortos, tampouco o Exército poderá abrir fogo contra paisanos.

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