Santa Casa, uma outra visão...

A quem se interessar pela saúde

Há alguns meses estamos tendo que nos preocupar com uma nova situação em nosso local de trabalho. Além da conhecida falta de recursos e más condições, a qual a maioria dos serviços públicos apresenta, passamos a ser os culpados do “rombo financeiro” da Santa Casa de Ubatuba.
Esta culpa iniciou em julho de 2006, quando pela primeira vez em nossa história surgiu a oportunidade da legalização da prestação de serviços médicos neste hospital. Passamos assim, a termos direitos e deveres como quaisquer empregado de uma empresa; direito de adoecer, engravidar, tirarmos férias e outros que para a maioria das pessoas é normal, mas para os médicos era algo inimaginável.
Gostaríamos de ressaltar que esta contratação sob o regime CLT nunca foi uma imposição ou reivindicação deste Corpo Clínico, mas sim, algo que nos foi oferecido pelo então Secretário de Saúde, Dr. Marcos da Silveira Franco, após auditoria do DENASUS, onde era ressaltado irregularidade no vínculo empregatício dos médicos.
O que a princípio parecia uma segurança para nós, aos poucos começou a transformar-se numa “caça as bruxas”.
Além de ouvirmos os “buxixos” sobre nossos salários e forma de trabalho, começamos a vivenciar demissões e uma situação de ameaça constante.
Não recebemos nossos salários integrais, temos nossas carteiras de trabalho retidas, nossos encargos trabalhistas não recebem o destino correto, trabalhamos sem condições técnicas ideais, trabalhamos sem perspectiva futura e ainda temos de ouvir que somos os culpados por todos os problemas deste hospital.
Retomando, somos contratados desde julho de 2006, assim, antes deste período no hospital “não havia problemas financeiros”, e não havendo, não se justificaria requisição administrativa feita pelo Sr. Eduardo de Souza César, Prefeito Municipal, em novembro de 2005, quando nossos salários eram defasados.
O problema da Saúde Pública em Ubatuba são os médicos do Corpo Clínico da Santa Casa?
Quanto valor a um grupo que tem que gastar seu tempo “quebrando a cabeça” para conseguir dar o mínimo de atenção ao paciente tão desprezado pelos governantes públicos.
Nossos colegas são demitidos e pasmem! Somos os culpados pela falta de médicos para atender a população. Desculpem-nos, mas não temos um arquivo de médicos disponíveis para cada demissão arbitrária que sofremos.
Desassistência não é só falta de médicos. É falta de medicação, de exames, de estrutura física, e, falta de respeito a nós, funcionários da instituição, e aos usuários do Hospital.
Até que ponto somos responsáveis por tudo isso? Ah! Nós “gastamos muito” com quem chega a nossa porta!
Nós médicos nunca nos opusemos a negociar, apenas gostaríamos de saber as outras medidas tomadas para contenção de despesas.
Apenas nós incomodamos tanto? É, vendo deste modo, Ubatuba pode acalmar-se... recebemos proposta de redução do número de médicos no Hospital, e infelizmente isto já está acontecendo.Ubatuba irá começar a perder profissionais envolvidos com o serviço e queridos pela população, e assim logo os problemas dos governantes municipais acabarão...
as despesas serão diminuídas na mesma proporção que a desassistência cresce.
Abaixo fazemos algumas considerações em relação aos diversos ataques que temos sofrido pela imprensa:
- O Jornal Vale Paraibano publicou por duas vezes reportagem usando fotografia tirada durante a paralisação ocorrida em 2004, como se fosse atual. Até o momento não houve paralisação;
- Apesar deste Corpo Clínico ser acusado de desassistência em pleno pico da temporada, as estatísticas dos atendimentos mostram que:


Janeiro 2006- 8685 atendimentos / Janeiro 2007- 9458 atendimentos
Fevereiro 2006- 7108 atendimentos / Fevereiro 2007- 9475 atendimentos


- Quanto a atual epidemia de dengue que vem sobrecarregando o Pronto Socorro, informamos a população que os Postos de Saúde e Pronto Atendimento deveriam estar estruturados para este atendimento, já que o Pronto Socorro deveria destinar-se apenas ao serviço de Urgência e Emergência;
- Informamos que tivemos médicos em todas as escalas, inclusive nos dias em que seriam realizados plantões pelos médicos demitidos, sobrecarregando ainda mais aqueles que restam no hospital;
- Lamentamos que alguns órgãos da imprensa serviram de apoio ao constrangimento moral que este Corpo Clínico vem sofrendo, como a reportagem vinculada pelo Vale Paraibano em 06 de março de 2007.
Colocamo-nos a disposição de toda a imprensa, assim como, da população interessadas na veracidade dos motivos da atual crise.

Corpo Clínico da Santa Casa de Ubatuba

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