Cornucópia de asneiras

Eleição no Irã - Lula perde outra chance de ficar calado

Ricardo Noblat (original aqui)
Sob o título "Situação em Teerã é imprevisível e tem potencial explosivo", o correspondente da BBC Jon Leyne escreveu ontem:

"Com a continuação de manifestações contra os resultados da eleição presidencial no Irã, a situação na capital, Teerã, está se tornando imprevisível e potencialmente explosiva.

Durante todo o domingo, multidões se concentraram em diversas áreas, em protestos que não haviam sido organizados.

Em congestionamentos, motoristas tocavam a buzina para expressar oposição ao governo. Multidões nas calçadas cantavam e faziam sinais de vitória com as mãos.

Em alguns lugares, a polícia compareceu em grande número. Alguns policiais estavam aparelhados para enfrentar confrontos. Outros apareceram na garupa de motocicletas.

Aparentemente, eles receberam instruções claras para não abrir fogo. Embora fosse possível ouvir tiros ocasionais, a maior parte da polícia usava cassetetes de maneira brutal.

É difícil obter um quadro confiável da dimensão dos protestos em Teerã e, mais ainda, no resto do país.

Mas eles se propagaram rapidamente durante a noite. O barulho da multidão foi ouvido até mesmo nos bairros de classe média, que costumam ser mais sossegados.

Muitos iranianos subiram nos telhados das casas para gritar slogans como "abaixo o ditador".

Os protestos se transformaram em um desafio não apenas ao resultado das eleições, não apenas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, mas também ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Isso significa um desafio a toda a base da república islâmica."

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Hoje, segunda-feira, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Teerã (foto no alto), houve choques com a polícia e pelo menos uma pessoa foi morta a tiros.

Os chefes de Estados europeus estão cautelosos e evitam declarações a respeito. O presidente Barack Obama acompanha tudo com muita apreensão, mas evitando se meter diretamente.
E Lula?


Em Genebra, onde se encontra, disse que "não há provas" de que tenha havido fraude nas eleições iranianas.

- Veja, o presidente (iraniano Mahmoud Ahmadinejad) teve uma votaçao de 61, 62%. É uma votação muito grande para a gente imaginar que possa ter havido fraude.

- Eu não conheço ninguém, a não ser a oposição, que tenha discordado da eleição do Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas, sabe, uma coisa entre flamenguistas e vascaínos.

Para variar, o "cara" derrapou.

Não dispõe de informações confiáveis que o levem a avalizar o resultado das eleições - nem os americanos dispõem. O regime iraniano é fechadíssimo.

O fato de o presidente iraniano ter obtido 61% dos votos não significa que a eleição foi limpa.
A oposição diz que não foi.


Ditadores africanos são reeleitos com mais de 80% dos votos em eleições que em sua maioria são manipuladas.

A opinião do presidente brasileiro sobre a eleição no Irã não faz a menor diferença - nem em Teerã nem em parte alguma.

Foi mais uma oportunidade que Lula perdeu de ficar calado.

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