Coluna da Sexta-feira

Calor

Celso de Almeida Jr.
Há muito tempo, um amigo maranhense disse que achava os paulistas pouco receptivos.

Dizia adorar o retorno a São Luiz, quando reencontrava calor humano e entusiasmo, qualidades características da gente do nordeste.

Creio que exagerava.

Afinal, estava longe de casa.

Presa fácil da nostalgia...

Mas, lembrando dele, pensei em nós.

Como somos vistos por quem nos visita?

Somos calorosos, receptivos?

Procuro achar as respostas para, num período tão lindo do ano, Ubatuba não atrair turistas do mundo inteiro.

Essa temperatura amena, que comanda o nosso outono, soa como verão para os europeus.

Mas eles não nos visitam.

O que, afinal, acontece?

Erramos na comunicação?

Não nos empenhamos o suficiente?

Somos dominados pelo conformismo e por uma baixa estima que não nos permite assumir um papel de destaque no turismo nacional?

Não trabalhamos o suficiente? Somos preguiçosos?

Somos incompetentes?

Muitas vezes, a agonia toma conta de mim.

Vejo nossos jovens reféns de uma cidade que não oferece um padrão de vida digno.

Muitos buscam uma qualidade de vida melhor, um futuro profissional promissor, em outras cidades.


Mas, e aqueles que não têm condição de ao menos tentar uma opção em outro município?

Ficam presos. Condenados a uma vida restrita aos limites geográficos de Ubatuba.

Daí a necessidade de cobrarmos atitudes imediatas do poder público.

Nosso empresariado é fraco. Refém, também, dessa morosidade.

Não me refiro a algumas ilhas de excelência. Falo da grande maioria. Que vende o almoço para garantir o jantar.

Por isso, a prefeitura, detentora das ferramentas mais poderosas, tem que agir com rapidez e profissionalismo.

Mas, o que assistimos?

Soluções pontuais, tímidas. Empregos para os mais próximos. Leite e pão somente para o irmão.

Não é aceitável que nossa juventude seja condenada a ficar contemplando os céus para dar graças a alguém pelo pouco que tem.


Temos que gerar desenvolvimento. Em grande escala. Em monumental escala.

Transformar a cidade num espaço onde os moradores sintam-se realizados, por seus esforços, por seus méritos.

Essa boa energia será percebida por quem nos visitar.

A natureza já nos premiou.

Precisamos, agora, libertar a nossa gente, valendo-se de ações rápidas, planejadas e responsáveis, fomentando o turismo com toda a nossa energia.

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