Voar é com os pássaros
Numa tarde de 2043...
Sidney Borges
O rapaz entrou no bar do 23º andar de um velho edifício da Quinta Avenida, em Manhattan. Estava vazio, apenas uma mesa ocupada por um velho muito forte.
- Ouvi dizer que da janela deste bar é possível voar. É verdade?
O barman que esfregava o balcão de mármore parou, mordeu o cigarro que pendia do canto da boca e não respondeu. Seus olhos buscaram o freguês que lia jornal.
- O senhor sabe de alguma coisa? Perguntou o rapaz.
- Depende.
- Depende do quê?
- Das correntes.
- Como assim?
- Não dá pra explicar, melhor ver como está.
Na janela o velho sentiu o vento:
- Dia perfeito. Vou mostrar.
Sentou-se com as pernas para fora, virou-se e esticou o corpo até ficar na horizontal. Com um leve movimento de ponta de dedos empurrou o parapeito e recuou flutuando com os braços abertos. O impulso foi suficiente para levá-lo até o outro lado da avenida, onde tocou num prédio e voltou.
O rapaz ficou radiante.
- Quer tentar?
- Quero.
Cheio de adrenalina o jovem repetiu os movimentos até ficar pendurado pelos braços.
- Agora é só dar um empurrãozinho e sair voando.
O grito foi ouvido por toda a vizinhança. O povo correu às janelas a tempo de ver o corpo estatelado na calçada.
O velho retornou à mesa e ao jornal enquanto o barman resmungava remoendo o cigarro do canto da boca:
- Super-Homem. Depois de velho virou um filho da puta...
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Sidney Borges
O rapaz entrou no bar do 23º andar de um velho edifício da Quinta Avenida, em Manhattan. Estava vazio, apenas uma mesa ocupada por um velho muito forte.
- Ouvi dizer que da janela deste bar é possível voar. É verdade?
O barman que esfregava o balcão de mármore parou, mordeu o cigarro que pendia do canto da boca e não respondeu. Seus olhos buscaram o freguês que lia jornal.
- O senhor sabe de alguma coisa? Perguntou o rapaz.
- Depende.
- Depende do quê?
- Das correntes.
- Como assim?
- Não dá pra explicar, melhor ver como está.
Na janela o velho sentiu o vento:
- Dia perfeito. Vou mostrar.
Sentou-se com as pernas para fora, virou-se e esticou o corpo até ficar na horizontal. Com um leve movimento de ponta de dedos empurrou o parapeito e recuou flutuando com os braços abertos. O impulso foi suficiente para levá-lo até o outro lado da avenida, onde tocou num prédio e voltou.
O rapaz ficou radiante.
- Quer tentar?
- Quero.
Cheio de adrenalina o jovem repetiu os movimentos até ficar pendurado pelos braços.
- Agora é só dar um empurrãozinho e sair voando.
O grito foi ouvido por toda a vizinhança. O povo correu às janelas a tempo de ver o corpo estatelado na calçada.
O velho retornou à mesa e ao jornal enquanto o barman resmungava remoendo o cigarro do canto da boca:
- Super-Homem. Depois de velho virou um filho da puta...
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