USA

Obama fala em liderar o mundo. Pode?

Paulo Moreira Leite (Leia aqui o original)

Aprendi a gostar de um historiador chamado Timothy Garton Ash no final dos anos 80, quando o Muro de Berlim estava caindo. O mundo ainda debatia o futuro da União Soviética e dos países da Cortina de Ferro, enquanto ele visitava aqueles países, conversava com dissidentes, estudava o perfil de cada país e produzia ensaios maravilhosos sobre a Polonia, a Checoslováquia, a Romenia e assim por diante. Você lia cada texto e percebia que aquele mundo iria acabar em breve.

Duas décadas depois, Timothy Garton Ash leu e não gostou do discurso de Barack Obama. Acha que o novo presidente tem boas idéias para unir os Estados Unidos, mas alimenta-se de uma visão anacrônica no plano internacional. Com argumentos elegantes, como sempre, ele acha que o novo presidente americano está usando o espelho retrovisor para entender o lugar dos Estados Unidos no planeta.Num artigo, publicado na edição de hoje do Estado de S. Paulo, ele cita uma passagem onde Obama disse o seguinte: “E assim, para todos os povos e governos que estão nos assistindo hoje, das mais grandiosas capitais à pequena aldeia onde meu pai nasceu: saibam que os EUA são amigos de cada nação e de cada homem, mulher ou criança que busquem um futuro de paz e dignidade, e estamos prontos para liderar mais uma vez.”

“O problema,” observa Timothy, “está no fim. Os EUA podem estar prontos para liderar ‘mais uma vez’, mas e se o mundo não estiver mais pronto para seguí-los? E se (o mundo) acreditar que os EUA perderam boa parte de seu direito moral de governar nos últimos anos, que não tem mais o poder que tinham, e de todo modo estamos caminhando para um sistema multpolar global, como o próprio Conselho de Inteligência Nacional em Washington prevê?”

É uma boa pergunta, concorda?

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