Dinheiro no lixo?

Ao Sr. Ahmad Khalil Barakat, presidente da ACIU

Réplica de Maurício Moromizato a respeito da coluna do Ubatuba Víbora, com o título de “Você joga dinheiro no lixo?”

Caro Kibe,

Fiquei muito contente em sua resposta à coluna que escrevi na terça-feira, abordando o problema do lixo e seu transbordo em Ubatuba. Assim como você agradeceu meu questionamento, que intencionalmente mostrou a importância da ACIU se posicionar nos assuntos relevantes da cidade, agradeço sua manifestação pública, mostrando assim que minha “provocação” surtiu o efeito desejado, de polemizar para discutir o assunto. Se você tem acompanhado a coluna certamente é testemunha de que desde o início tenho instigado a participação popular e cidadã nos assuntos de interesse público, cobrando que cidadãos, cidadãs e entidades tenham opinião, vontade para discutir e apontar soluções para nossos problemas, que são enormes. O lixo é só o mais recente. Antecipo-lhe que cobrarei a ACIU em outros temas polêmicos.

Quanto aos seus escritos, preciso rebatê-los para que as coisas fiquem nos seus devidos lugares.

Logo no início você diz estranhar meu questionamento, pois “desde o início do ano passado a Prefeitura já anunciava o problema com o aterro sanitário”. Corrijo você: o problema do lixo vem desde o início da gestão passada, e se você leu bem minha coluna, pode comprovar que lá está a opinião da Regina, que questiona porque nada foi feito em quatro anos, quanto à adequação do aterro, instalação de coleta seletiva, redução de volume e peso do lixo, estímulo ao debate, etc. Converse com catadores de sucata, pessoas técnicas da área, com o pessoal da cooperativa de reciclagem e constate você mesmo sobre o (a falta de) apoio da administração municipal à reciclagem. O tema vem sendo discutido sim, há muito tempo, inclusive com iniciativas de mostrar soluções alternativas no tratamento dos resíduos sólidos, tal qual o programa “lixo zero”, aqui apresentado e que retornará ao debate no dia 27 de Janeiro, na câmara municipal. Portanto, com essa sua afirmação, você passa a impressão de defesa do prefeito e de sua solução para o tema, ou de desconhecimento da quantidade de discussões e de questionamentos sobre o assunto.
No mesmo parágrafo inicial de sua carta, você comete outro equívoco, partidarizando a questão, ao afirmar que “acredito que vocês do PT sabiam também antecipadamente deste problema tendo em vista que o vice-prefeito era do seu partido”. “Nós do PT” sabíamos do problema, sim. Abordamos o tema em nosso programa de governo, discursamos sobre essa problemática e não tínhamos qualquer ingerência no trato público ao tema, pois você e a cidade inteira sabem que o PT saiu da administração em Novembro de 2006, rompendo oficialmente a aliança com o prefeito. Portanto, nosso (ex) vice-prefeito Domingos dos Santos nada pode fazer a respeito. Minha coluna não é partidária e tenho me esforçado muito para mantê-la dentro do campo da política e da democrática exposição de opiniões pessoais.

No parágrafo seguinte você diz que “a cobrança de novas taxas são amargas, este é o reflexo de uma falta de planejamento do passado, não sou especialista na área, porém, falar sobre o lixo em uma cidade turística como a nossa que possui mais de 80% de sua área de preservação, não deve ser um assunto simples”. E quem diz que o assunto é simples? O assunto é sim, muito importante e por isso deve ter participação de todos. Houve muitas discussões sobre o tema, conforme lhe relatei no parágrafo anterior. Nenhuma com participação ou estímulo da prefeitura. Desafio você: quantas vezes você, como presidente da ACIU foi chamado para discutir o tema do transbordo do lixo e de seu impacto na economia do município? Você já tinha a informação de que haveria uma taxa do lixo, aprovada na calada da noite, sem discussão, no final da legislatura? Concordo que o assunto não é simples e por isso a solução tem que ser discutida, muito discutida e houve quatro anos para tal. Para quantas discussões você foi convidado? É absolutamente correta sua afirmação de que o problema é reflexo de falta de planejamento passado. Quem faltou com o planejamento? Você acha que essa falta de planejamento é apenas das gestões anteriores à atual? A quem você se referiu como “reflexo da falta de planejamento passado”? Precisa dar “nome e responsabilidade aos bois”.

Continuando, você escreve que “o que chegou ao nosso conhecimento é de que o secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Chico Graziano determinou que Ubatuba não poderia mais armazenar seu lixo, ou seja, que deveria iniciar o seu transbordo do lixo.” Por que o Chico Graziano determina o que deve ser feito? A ACIU questionou isso alguma vez? Por que transbordo, sem pensar na economia do município? Quais interesses pessoais e econômicos podem estar escondidos nessa questão? Quem é proprietário do aterro em Tremembé? Quem vai transportar o lixo? Qual planejamento para o futuro? Será para sempre a taxa? Na minha coluna está lá o questionamento do Rui, perguntando “será que não existe outra solução?” É claro que existe e não houve nem há discussão sobre isso, vinda de quem tem a responsabilidade: a Prefeitura. O que a ACIU acha disso, objetivamente, oficialmente?

Mais no final, você escreve que “a Prefeitura deve te passar os fatos com mais propriedade do que nós, inclusive sobre os investimentos que fez para adequar o aterro sanitário e sobre a sua interdição.” A prefeitura não tem que passar os fatos para mim e sim comunicar a toda a sociedade. Em qual jornal você viu escrito sobre o problema? O boletim da ACIU noticiou? Se a assessoria de imprensa da Prefeitura não passou nada a respeito do tema, das duas uma: ou acha que o tema do lixo e seu transbordo, com seu valor incluído não tem importância ou quer esconder algo. Qual a opinião da ACIU?

Na finalização, você afirma “concordamos com a sua opinião que a Coleta de Lixo Seletiva é a melhor solução para o problema, porém precisamos de planejamento para tal, e uma solução imediatista, para que o problema não aumente e assim gerando de verdade transtornos financeiros para o município”. Se for assim, junte-se, em pessoa e em nome da ACIU, aos que querem debater o tema, discutir as soluções e influenciar os destinos da cidade. Você será muito bem vindo, sempre.

Vamos juntos questionar a cobrança da taxa do lixo. Exigir um programa urgente de reciclagem, com inclusão social, aproveitamento econômico da riqueza do lixo em benefício do município e não de interesses particulares. Cobrar da CETESB e do Estado uma solução diferente para o problema, que começa pela não aceitação do que está imposto. Defender a economia do município e consequentemente nossos cidadãos.

Como empreendedores formados pelo “empretec” do SEBRAE, que tem entre seus comportamentos a “busca constante de informações”, eu e você sabemos que existem soluções diferentes e melhores para o município.
Por isso não aceito jogar meu dinheiro no lixo!

E você e a ACIU, de que lado estão?

Um forte abraço, reafirmando a opinião pessoal de que você e a ACIU são importantes demais para se omitirem e que “ficar em cima do muro” é sinal de concordância com a situação atual. Repito também o agradecimento pela oportunidade de debater tão importante questão publicamente.

Maurício Moromizato

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