Coluna da Quinta-feira

Inspiração tucana

Marcelo Pimentel
Vem do PSDB a inspiração do artigo desta semana. Nos seus últimos momentos de vida e de governante, Mário Covas criticou o instituto da reeleição. E a crítica veio de quem viveu a situação. Reeleito, Covas viu o seu governo fazer o mais do mesmo, alegando ter uma equipe desestimulada pelo continuísmo. Esse recado serve para todos aqueles que hoje se encontram na situação de um novo/velho governo.


No primeiro momento parece que tudo é novo, mas logo a situação volta à rotina anterior e os vícios que poderiam ser sepultados com o fim do mandato continuam mais vivos ainda. Até porque, na condição de vitorioso, o político tende a minimizar as mazelas existentes e a supervalorizar os pontos positivos do governo. É preciso, para isso, criar situações para a capacitação dos gestores públicos tornando dinâmica a busca por novos conhecimentos e por novos modelos de administração que possam dar mais agilidade aos serviços públicos.

Nesta semana, o governador José Serra deu uma demonstração de refinamento político ao nomear o ex-governador Geraldo Alckmin secretário do Desenvolvimento Econômico. Desafeto político, Alckmin remou contra a maré serrista em duas ocasiões: a primeira na eleição presidencial e agora na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Para todos os analistas políticas, José Serra já teria jogado no limbo o ex-governador. Mas eis que surge a primeira grande cartada do cenário político nacional, Alckmin e Serra unidos novamente.

O episódio político traz lições para todos que militam na política. Primeiro porque é necessário estar aberto às novas composições políticas e ter claro que o poder deve ser partilhado e não se tornar uma ação entre amigos, mesmo os mais religiosos. Segundo, demonstra que o político não deve governar com ressentimento. E, finalmente, a arte da política está em somar forças e não dividir. Passado o período eleitoral, o ideal é que haja amadurecimento político suficiente para formar uma equipe de governo com os quadros mais habilitados, seja de qual bandeira política for.

Fazer a política da exclusão e achar que a reeleição é um atestado de competência irrestrita pode ser o começo do fim. E só para lembrar, parece que foi ontem que assistimos os nossos prefeitos serem empossados em 1º de janeiro de 2005. Logo ali estaremos em 31 de dezembro de 2012. O tempo voa.
Marcelo Pimentel é jornalista.

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