Produtos afins, produtos extravagantes...



Luiz Moura
Hoje vou analisar o release "Prefeitura de Ubatuba prepara projeto de urbanização da avenida Iperoig", enviado à Imprensa pela administração Eduardo César (PL + PT) e publicado n’O Guaruçá em 14/01/2006, às 06h17. Faço isso, também, como munícipe, morador do centro e portanto pessoa que será diretamente afetada pela implantação de projeto na área. Para comodidade dos leitores, resolvi reproduzir o release (ao final), negritando-o e numerando-o para referenciar minha análise.
Não sabia que órgãos do Governo do Estado de São Paulo aprovavam projetos em elaboração (1, 3 e 5) e liberavam verbas baseados em esboços (2) do que se pretende fazer. Também desconhecia a capacidade técnica destes órgãos e da Prefeitura de Ubatuba em orçar, antecipadamente, projeto que poderá ser alterado pela comunidade. A menos que, o prefeito Eduardo César, entenda que participação da comunidade seja "o povo dizendo amém às suas propostas". Não deve ser este o significado do apontado em (3).
A transparência das ações do Executivo Municipal e a participação da comunidade na decisão das questões que lhe são peculiares continuam fazendo parte dos discursos de Eduardo César (4), mas sem que daí passem.
Uma Audiência Pública relativa à Urbanização da praia Grande, será realizada no próximo dia 18, na Câmara Municipal, a partir das 19h30. Espero que aí se inicie a participação da comunidade na administração e que ela não seja apenas usada como massa de manobra por políticos oportunistas, afinal a área está sub judice. Precisamos ficar atentos à forma de votação das propostas apresentas para que seja garantida a representatividade da comunidade como um todo e não apenas a de um grupelho. Voltemos à análise...
No estudo, que poderá ser alterado pela comunidade, mas que já possui orçamento, os patrimônios históricos são contemplados com a preservação (7). Quem observa as dilapidações sofridas pelo patrimônio visual e histórico da avenida Iperoig fica imaginando o que restará para ser preservado.
Para termos um centro revitalizado, moderno e extremamente valorizado (8), a administração municipal deve providenciar um estudo (com posterior discussão pública e implantação) que compreenda a área entre a praia de Iperoig, o rio Lagoa, a rodovia BR-101 e o rio Grande de Ubatuba. A reurbanização da avenida Iperoig, isoladamente, não tornará verdadeira a afirmação do prefeito Eduardo César, podendo os mais afoitos taxá-lo, com propriedade, de mentiroso.
A incerteza na transferência do parque Trombini (9) para outro local, me faz pensar que, para conseguir o apoio da população na empreitada, Eduardo César, promoverá pelo menos uma audiência pública relacionada com o projeto da avenida Iperoig.
Pelo que acontece na política nos últimos anos, na qual o prefeito Eduardo César teve participação como vereador por 12 (doze) anos consecutivos, pergunto: a antiga "Feira Hippie" será transformada, efetivamente, em Espaço de Convivência (6)? O que significa "qualquer tipo de atividade social" (10)? Nesta atividade também se encontram as religiosas? Já está pronta a regulamentação de uso do Espaço? Executivo e Legislativo conseguirão fazer com que os feirantes aceitem as novas regras?
A "Feira de Artesanato e Produtos Afins" (afins?), no release denominada como "feira de artesanato da cidade" (11), deixando de embromação, foi razão primeira da cobertura em execução. O "Projeto (?) de urbanização da avenida Iperoig" veio no arrastão. A partir de quando foi permitida a comercialização de produtos afins (?) na "Feira Hippie" de Ubatuba? Os feirantes querem marcar na memória da população (foto acima) a inclusão do "afins" (?).
A respeito da derrubada da amendoeira doente (12), o ex-secretário de Meio Ambiente (exonerado no dia 12/01 em razão de divergências quanto as obras na "Feira Hippie"), Paulo Roberto Pires, afirmou que "a SEMA não contratou ’aspone’ algum e nem foi a ela solicitado nenhum laudo esdrúxulo como o que consta às fls. 52/53 dos autos do Processo Judicial 1667/05 da 2ª Vara de Ubatuba". Estas afirmativas, mais uma vez, colocam em xeque o que o prefeito Eduardo César vem dizendo. Confirmadas as declarações de Pires, fica patente a mentira pregada pelo prefeito Eduardo César, na gana de remoção da amendoeira para a construção da fundação da "Feira Hippie". Curioso o prefeito não ter consultado seu secretário de Meio Ambiente, antes de tomar atitude tão esdrúxula.
Parece-me idiotice replantar, sem qualquer cuidado preparativo (tanto na retirada quanto no replante), um espécime doente, em área diversa da sua origem (13). Falar que a amendoeira oferecia riscos à população que transita pelo local é a mais descarada mentira, pois o local encontra-se (e encontrava-se) cercado o que impede a população de por lá transitar. Vi a árvore ser derrubada e garanto que para ela cair seria necessário um abalo sísmico bem intenso, coisa desconhecida por estas bandas. Se ela estivesse realmente doente, poderia ser tratada no local, sem qualquer problema.
Dizer que a retirada da amendoeira foi autorizada pela Justiça (14) e que sua existência impedia que as determinações do Iphan e do Condephaat fossem cumpridas (16 e 18) é uma forma de fazer com que a população pense que a responsabilidade pela retirada da árvore sejam deles e não da administração Eduardo César que fez um estudo em que, ao ser implantado, teriam que remover as duas amendoeiras e o Cruzeiro. Vale lembrar que o Condephaat, no dia 09/01, solicitou ao prefeito Eduardo César a paralisação imediata das obras e ele não tomou conhecimento do pedido.
A incapacidade da Fundart - Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba se faz notar pela sua ausência, neste momento tão importante para os munícipes. Deveria estar capitaneando as tratativas com o Iphan e Condephaat na preservação de nosso patrimônio visual e histórico.
Acompanhei de perto a retirada da amendoeira e vi a quantidade de pássaros que ficaram completamente perdidos com a derrubada da árvore. Espécies não nativas (15) (como a amendoeira centenária, bem próxima do local), podem ser cortadas sem qualquer problema? Sou caiçara de Ubatuba e fico pensando no que a Justiça me permitirá fazer com o prefeito que não é de minha cidade (não é nativo).
Argumentar que o estudo de reurbanização prevê o plantio de 80 coqueiros (17) é ridículo. Oitenta coqueiros? Ali, na praia de Iperoig? Quem é a sapiência responsável por esta genialidade? Só chorando...
Certamente Eduardo César tem dificuldades em contar (19). Sugiro que faça uma pesquisa entre os moradores do centro, que serão os mais atingidos pela sua "obra" para ter a exata compreensão do alcance dos disparates que anda cometendo. Como tem em seu quadro funcional pessoa/empresa que trabalhou em sua campanha, na elaboração de pesquisas, sequer poderá alegar falta de confiança no resultado. Assim descobrirá que não somos "meia dúzia de pessoas".
Poderia continuar na análise, nem toquei na mudança de comportamento de Eduardo César que quando vereador fez uma lei para impedir a derrubada de uma amendoeira e estando prefeito quer derrubar duas (uma já conseguiu), mas já me estendi demais.
E o que estão fazendo com o Cruzeiro? Bem, isto já é para segunda-feira...

Foto: Arquivo UbaWeb


• Release

Prefeitura de Ubatuba prepara projeto de urbanização da avenida Iperoig

Projeto prevê uma nova proposta paisagística, com grandes áreas de lazer e esporte bastante arborizadas, espaços para eventos culturais e a construção de um centro de convivência


Uma equipe técnica da Prefeitura vem trabalhando nas diretrizes do projeto de urbanização e revitalização da avenida Iperoig (1), que compreende desde a praça Capricórnio até o Farol dos Pescadores. O projeto, já aprovado pelo DADE (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias) já está com uma verba liberada de R$ 1 milhão (2). A contrapartida da Prefeitura será no mesmo valor. As obras deverão começar em março deste ano. Para o fechamento do projeto, todas as propostas serão apresentadas à comunidade (3). Para o prefeito de Ubatuba, Eduardo César, essa participação da comunidade nas decisões de projetos é fundamental para o sucesso das realizações. "Queremos dar total transparência aos nossos atos e mais que isso, estar decidindo questões fundamentais do município com a participação de toda a comunidade" (4), declarou.


O projeto

No projeto que está sendo estudado (5) pela equipe a avenida passará por uma completa reestruturação, com uma nova proposta paisagística. Espaços para atividades culturais, esportivas, artísticas e um Centro de Convivência (6) integram o projeto que busca a preservação dos patrimônios históricos existentes no local (7). Eduardo César afirma que hoje a avenida Iperoig está em decadência. "Queremos revitalizar um espaço que há anos já foi a vedete em nossa cidade. Hoje toda a movimentação está no bairro do Itaguá. Além disso, queremos também oferecer oportunidades de lazer para o munícipe através da reurbanização. Com essa reurbanização teremos um centro revitalizado, moderno e extremamente valorizado (8)", avaliou.
Para a implantação total do projeto da Prefeitura, será necessária a transferência do Parque de Diversões Trombini (9), que hoje ocupa uma grande área na orla da avenida Iperoig.


Espaço de Convivência

O local onde funcionava a antiga "Feira Hippie" será transformado no Espaço de Convivência. O Espaço de Convivência será uma área destinada à comunidade para qualquer tipo de atividade social (10), desde que solicitada junto à Prefeitura. A partir das 17 horas, funcionará no local, a feira de artesanato da cidade (11). No início de suas obras a Prefeitura retirou do local uma amendoeira doente (12) e hoje tenta recuperá-la numa praça no bairro do Perequê-Açú, onde ela foi replantada (13). A retirada da amendoeira foi autorizada pela Justiça (14) já que ela não estava em área de preservação nem tampouco é considerada espécie nativa (15). "Fui duramente criticado por transplantar a amendoeira, mas gostaria de lembrar que durante um dos meus mandatos de vereador, mais precisamente em 99, fui o autor de uma lei que impediu o corte de uma amendoeira na área da escolinha de surf do Zecão que corria o risco de ser derrubada. A amendoeira da Iperoig, além de doente, impedia que as determinações do Iphan e do Condephaat fossem cumpridas integralmente (16)", lembra o prefeito. Porém, o projeto de reurbanização da avenida Iperoig prevê o plantio de 80 coqueiros em toda a sua extensão (17).
A obra será realizada com verba do DADE (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias) e está orçada em R$ 570.714,35, sendo repasse do Dade R$ 453.883,40 e o restante - R$ 116.830,95 - será custeado pela Prefeitura. Para a cobertura será utilizada uma membrana de lona sintética, um material de fibra de poliéster de alta capacidade, revestida em PVC. "Muitos foram contra a cobertura e vários empecilhos foram criados, porém estamos seguimos as determinações do Iphan e do Condephaat (18)", explicou o prefeito. A Feira Hippie de Ubatuba abriga hoje 120 expositores, entre artesãos e entidades e é uma das atrações turísticas noturnas da cidade.

Equipe afinada

Eduardo César avalia que sua equipe vem trabalhando afinada com as diretrizes propostas pelo projeto de reurbanização da Iperoig com a participação da maioria de seus secretários e assessores. "Trata-se de uma área nobre da cidade, com muitos atrativos para os turistas, que precisa, urgentemente receber benfeitorias", afirma lembrando, porém, que o interesse maior que deve reger todas essas alterações deve ser o do município como um todo e não o de meia dúzia de pessoas (19).



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