Editorial

A verdade

Como todos os seres humanos, jornalistas têm preferências. Elas são de ordem política, religiosa, filosófica e gastronômica, para citar apenas algumas, há outras. Absolutamente normal. O que não pode acontecer é o jornalista esquecer que sua missão é informar e que para isso ele deve buscar a verdade. Não estou me referindo à verdade dialética, tão a gosto do Pravda da União Soviética, ou do Granma de Havana. A verdade à qual me refiro é a verdade factual que dispensa maiores definições. Todos sabemos qual é quando com ela nos deparamos. Essa verdade factual me fez desacreditar do governo Lula antes mesmo dele ser eleito. Como criar dez milhões de empregos? Se fosse possível dentro das limitações neoliberais, FHC o teria feito. Se por vaidade ou competência não sei, mas ele jamais perderia a oportunidade. Quando Lula começou a extrapolar, a fugir da realidade sob a batuta de Duda Mendonça, percebi que teríamos outro período de engodo. O povo percebe quando está sendo enganando. Lembro-me das eleições de 1982, quando o governo ditatorial foi amplamente derrotado. Na época acompanhei de perto a tentativa da Globo de influir no resultado. Inventaram um tal de “diferencial delta” para justificar o injustificável. Brizola vencia em praticamente todo o Rio de Janeiro e os resultados apresentados pela emissora da Lopes Quintas diziam o contrário. O povo não gostou e percebendo o rumor de desagrado que tendia a virar rugido, a Vênus cedeu. Políticos que usam do subterfúgio da mentira têm pouco futuro. Podem até pensar que o povo esquece. Quem está no poder imagina ser este eterno, quando na verdade é tênue, frágil como asas de libélulas. O presidente Clinton quase foi impixado. Não em função do caso com a estagiária Mônica Lewinsky, mas por ter mentido ao povo americano. A mentira é imperdoável. Clinton terminou o mandato, mas acabou banido da vida pública dos Estados Unidos. É por isso que reafirmo. Só uma coisa importa. A verdade factual. Fora dela o que há é supérfluo.

Sidney Borges

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