Crônica urbana

A árvore, o assessor e o jornalista

“O Brasil é o único país do mundo que tem nome de árvore”, dizia Tom Jobim.
Porém, a obsessão predadora e portanto estúpida do homem vem ceifando nossa vegetação, indiscriminadamente.
Não me pretendendo idiota, sou daqueles que consideram inevitável a ocupação do solo do planeta, mas que a racionalidade, concomitantemente, oriente as ações nesse sentido. Portanto, “devagar com o andor que o santo é de barro”. O homem é de barro; nada a ver com a mitologia bíblica.
A partir de vertente humanista, que hoje nossa brutalidade vem estranhando para destruir a própria casa onde mora, não cabe admitir a prática de ações suicidas.
Portanto, registrar jornalisticamente acontecimentos, é direito pleno de todos que vivemos nesta fabulosa plataforma espacial natural.
O bem preparado e bom profissional Sidney Borges, estava legalmente a fotografar ações praticadas a mando da prefeitura, registrando o corte de uma árvore, além de tudo de reconhecido valor histórico. Não fez por atrair a atitude agressiva do assessor municipal Mauro, cujo equilíbrio emocional lhe fugiu naquele momento, infelizmente.
A convivência política cotidiana e pacífica com os prós e contras, deve ser dos itens principais a reger o comportamento do homem público.
Resumindo: entre mortos e feridos, todos ficamos prejudicados. A árvore, o assessor e o jornalista, pois perdemo-la em tudo o que ela agregava, de forma a conteúdo; um símbolo, portanto. O jornalista que ao tentar defender um patrimônio público natural e histórico, teve sua ação violentada por gesto impulsivo e descabido do assessor/agressor; e o assessor Mauro, que traído pela lucidez, momentaneamente, deixou de servir adequadamente a seu chefe imediato, bem como à sociedade que representa.
Resta-nos morrer aos poucos juntamente com este planeta, como já vem ocorrendo pela ação voraz e funesta do nosso próprio espírito predador. Mas, afinal, somos filhos e pais da irracionalidade, coisa que o juízo popular chama simplesmente de “burrice”.

Pedro Paulo Teixeira Pinto

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