Calçadão

Miriam Tabarro
Moro em Ubatuba há 30 anos e, portanto, sou espectadora de algumas transformações urbanas. Durante esse tempo, tenho observado as mudanças que a cidade sofre, com destaque ao intenso movimento migratório. Costumo dizer que os EUA estão para Governador Valadares como Ubatuba está para Ladainha, onde, parece, o grande fluxo começou. Não, por favor, nada contra aqueles que na luta pela sobrevivência, abandonam seu lugar de origem em busca de melhores oportunidades.
Tentando analisar as causas desses deslocamentos de regiões inteiras, chegaremos a várias, com realce para a “falta de vontade política” (expressão já tão gasta) de nossos governantes em promover uma verdadeira revolução social, no melhor sentido do termo, investindo em educação, em educação e em educação, promovendo políticas de desenvolvimento local, explorando o potencial de produção específico de cada lugar, etc.,etc.,etc.Tudo o que estamos carecas de saber.
Mas, com o inchaço repentino e imprevisto da população no município e a falta de empregos, aumentam também as atividades em que as pessoas “se viram” para sobreviver, o chamado, subemprego, onde vender qualquer coisa é o meio mais rápido de se conseguir o pão de cada dia, e isso é esperado mesmo.
A Prefeitura de São Paulo, empenhada na recuperação de alguns espaços públicos, está em plena realização do repaginamento do Largo da Concórdia. Esse largo, outrora com um paisagismo típico (canteiros de plantas, passagens calçadas entre eles, bancos de jardim, etc.), virou um grande e desordenado mercado de quinquilharias, dessas que a gente bem conhece, com barracas grudadas umas às outras, alterando completamente sua vocação, como se fosse uma grande, imensa, enorme e descomunal feirinha hippie, como a que temos aqui.
O texto parece meio solto, mas tem ligação direta com este derradeiro parágrafo: se não tomarmos cuidado imediato, penso que o calçadão entre a rua Hans Staden e a Pça. Nóbrega, vai tornar-se um imenso Portugal”, ou melhor, um imenso Largo da Concórdia. Tenho visto por lá vendedores de alho, de estátuas, de panos de prato, o índio que vende ervas, etc. e acho que falta pouco para que esses ambulantes se estabeleçam mesmo por lá, e com o beneplácito total de nossos administradores já que um dos argumentos para a manutenção e a cobertura da feira hippie é que “várias famílias dependem dela para sobreviver”. Isso, sem considerar que as Casas Bahia e o Magazine Luiza, também por conta da benevolência de nosso executivo, vira e mexe, tomam conta de um pedaço da praça para mostrar seus produtos. Melhor prevenir, não acham?

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