Exoneração, demissão, enfim, confusão...

“Fui chutado”, diz Paulo “Sri”, ex-secretário do meio ambiente.

O engenheiro agrônomo Paulo Roberto Pires, deixou o cargo de secretário do meio ambiente da prefeitura de Ubatuba, no ultimo dia 12, em clima de confronto com a atual administração.
A primeira informação divulgada pela prefeitura foi que o ex-secretário teria apresentado um pedido de demissão. No dia seguinte, em nota oficial, a assessoria de imprensa apresentou uma nova versão para o fato. Pires teria sido exonerado.
Na tarde de ontem, em entrevista exclusiva ao Jornal Imprensa Livre, Paulo Roberto Pires, mais conhecido como “Sri”, esclareceu sobre os motivos que levaram a sua saída as Secretaria do Meio Ambiente. “O que aconteceu foi que levei um “pé na bunda”. Fui chutado porque não gosto de fazer as coisas erradas”. Disse.
O ex-secretário afirma que a administração pública tentou enganar os órgãos Estadual e Federal quando apresentou um laudo apontado que uma amendoeira estaria doente e causando problemas à população.
“O Condephat, o Ibama, a Policia Ambiental, todo mundo foi tapeado, inclusive eu. Pegaram um sujeito que não é nem da prefeitura, sequer é contratado para fazer um laudo esdrúxulo, onde afirma que tem uma amendoeira doente causando problemas à população. Depois manda replantar em outro lugar... Isso é palhaçada “! Acusa.
De acordo com ele, o conflito que levou a sua exoneração do cargo teve inicio quando a administração tentou passar a responsabilidade pelo corte da árvore para que a equipe da Secretaria do meio Ambiente. “Se fez a palhaçada, assume. Não vem colocar a culpa em mim e na minha equipe. Eles tinham que ter uma licença que nem eu nem o órgão publico demos. Esses são os motivos da minha bronca pessoal com a história” conta.
O ex-secretário explica que foi convidado a trabalhar na Prefeitura devido a sua prática e experiência adquiridas em trabalhos realizados em ONGs (Organizações Não Governamentais) na área ambiental.
“Nas gestões anteriores, a Prefeitura sempre teve uma prática, por conta de uma cultura daqui, de fazer tudo errado na área ambiental. E a idéia era de nós modificarmos esse comportamento. Afinal, foi o pedido de campanha do Prefeito, sendo exatamente o que fizemos”, afirma.
Sri diz que a sua exoneração foi uma tentativa de “tapar o sol com a peneira”.
“A minha função junto com a minha equipe é dar subsídios técnicos. Mostramos o que deveria ser feito em relação às obras, principalmente da feira hippie e da amendoeira, mas quem toma as decisões políticas é o Prefeito. Se ele escolher um lado ou o outro, o problema é dele. Ele que assuma isso politicamente”, diz.
O ex-secretário conta que, quando assumiu a Secretaria do Meio Ambiente, em janeiro de 2005, havia mais de 500 processos tramitando na Justiça, sendo a maior parte movido pelo Ministério Público.
“Era um monte de encrenca porque a Prefeitura tinha esse hábito de fazer tudo errado. Tanto que está como ré de vários processos. Então viemos para consertar, usando as diretrizes ambientais, mas não conseguimos. Para tomar alguma decisão é necessário discutir os assuntos com as pessoas da cidade e não atender apenas este ou aquele grupo desvirtuando todo um processo de planejamento da cidade.”
“Tem tanta coisa para ser feita, que em vez de ficar discutindo assuntos como feirinha hippie e amendoeira, seria melhor explicar o porquê disso ou daquilo e ver de que forma podemos negociar com os órgãos do Estado para fazer tudo direitinho e não, literalmente, tapear os órgãos públicos”
, acrescenta.

Outro lado

Segundo o Prefeito Eduardo César a demissão de Paulo Roberto Pires foi devida à “falta de confiança por parte do secretário”.
“Paulo é uma pessoa que eu respeito muito, acho um ótimo profissional, um incansável batalhador e defensor do meio ambiente em Ubatuba. Trabalhou conosco durante um ano, mas é muito importante a confiança ser mútua entre o prefeito e seu secretário. A partir do momento que o secretário não tem plena confiança em mim ele não pode mais ficar na minha equipe”
, diz o Prefeito.
Eduardo César ressalta que a secretaria continua funcionando normalmente, que dela não saiu mais nenhuma pessoa e diz ainda que não enganou ninguém. “Eu não “tapeei” ninguém. O Condephat não é formado por 20 crianças e sim por 20 conselheiros. Os outros órgãos citados são de pessoas extremamente capazes e responsáveis. Todas sabem muito bem o que estão fazendo e o que estamos fazendo. Se o secretário afirma que houve “tapeações” que entrem na justiça”.
Em relação à amendoeira o prefeito é enfático: “O engenheiro florestal que fez o laudo é contratado sim. Quero acreditar que o senhor Paulo esteja desinformado, pois caso contrário, ele está agindo de má fé. Uma pessoa que era da minha extrema confiança até ontem, hoje está falando tantas mentiras. A árvore não foi retirada por motivo de doença e sim porque a obra precisa acontecer. A árvore não era tradicional ou centenária. Era uma amendoeira. Tenho plena convicção que não estou fazendo nada que seja errado ou irregular.", garante Eduardo César.

Cristiane G. Zarpelão
Imprensa livre

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