Política

O desespero de FH

Guilherme Fiuza
O ex-presidente Fernando Henrique passou do tom, ao mandar Lula “parar de falar bobagem”. Perdeu o rebolado.
Para piorar, nota-se no seu discurso aos prefeitos eleitos do PSDB uma certa excitação com a crise econômica. Como se ela pudesse salvá-lo da surra de popularidade que vem levando do atual presidente.
A história pregou uma peça em FH. Condenou-o a uma espécie de tortura moral – ter que ver o adversário reinando no castelo construído por ele.
No discurso aos tucanos, animado pela crise, o ex-presidente solta mais uma vez seu grito para que não se acredite em tudo que Lula diz. É quase um ato de desespero.
Fernando Henrique, Pedro Malan e equipe tiraram a economia brasileira da adolescência. Fizeram uma revolução institucional, hoje reconhecida por qualquer pesquisador isento. Tiraram do Brasil o figurino de terceiro-mundista chorão. Puseram o país na era da responsabilidade.
Politicamente, o herdeiro dessa transformação foi Lula. Um líder importante para o Brasil, por despertar a identificação dos brasileiros. Uma encarnação orgânica da idéia democrática de representação.
Lula jogou fora as teses do seu partido, tomou posse das transformações do seu antecessor e encastelou-se no seu próprio símbolo. Desse lugar seguro, inexpugnável, disse ao povo que recebeu uma herança maldita do neoliberalismo e que consertou-a com sua sensibilidade social. O sofisma mais perfeito da história brasileira.
Fernando Henrique tornou-se um prisioneiro político da retórica. Caiu na masmorra do imaginário nacional, de onde seus gritos são inaudíveis.
A crise internacional parece reacender nele a esperança de que sua voz reapareça com a queda das paredes do castelo. Castelo que ele mesmo construiu. Uma esperança mórbida.

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