Opinião

Perguntem ao Lula

Editorial do Estadão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu baixar o tom das bravatas e admitir que a crise financeira internacional pode afetar a economia brasileira. Durante semanas, ele se recusou a falar seriamente sobre o assunto. "Pergunte ao Bush" era sua resposta-padrão quando repórteres tentavam incluir o tema numa entrevista. O governo brasileiro parece ter descoberto, afinal, que a turbulência é problema também para o Brasil, embora tenha sido causada pela especulação imobiliária americana. Reconhecido o fato, ministros e altos funcionários federais prometeram medidas para atenuar a escassez de crédito e garantir financiamento à agricultura, à exportação e aos programas apoiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O reconhecimento do problema é um dado positivo, mas falta explicar de onde sairá o dinheiro para reforçar o crédito e quais serão as prioridades oficiais. Para facilitar os empréstimos ao campo, indispensáveis, neste momento, para o plantio da safra de verão, o Banco Central (BC) pode liberar parte dos depósitos compulsórios mantidos pelo setor financeiro. É, aparentemente, a solução mais simples e mais compatível com a política monetária em vigor.
Mas a concessão de novos empréstimos tem sido emperrada, em muitos casos, pela renegociação das dívidas de agricultores. Sem a intermediação do ministro da Agricultura e das autoridades monetárias, o impasse poderá prolongar-se. O governo precisa avaliar esse quadro e resolver se vale a pena intervir e até que ponto.
A escassez de crédito para o plantio é especialmente grave porque os agricultores dispõem de um prazo muito breve para comprar insumos, preparar o solo e semear as lavouras planejadas. Não se pode negociar com a natureza. Passada a fase mais adequada para plantar, a atividade se torna altamente arriscada. Neste momento, falta dinheiro até para produtores de peso. Há informações de que bancos internacionais têm cancelado empréstimos já aprovados para grandes plantadores e exportadores. Estes serão forçados a disputar recursos fornecidos por outras fontes, como os bancos oficiais.
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