Conjuntura

Dias de crise

Sidney Borges
A crise está feia dizem os jornais. Perguntei a opinião do jardineiro. Pelo franzir do cenho deu para perceber que o mar não está para peixe.

- Muita chuva - ele respondeu. Depois vem o Sol, o tempo esquenta e a gente não dá conta de cortar a grama que cresce feito notícia ruim. Fora os carrapatos. Está cheio deles, ontem mesmo peguei dois. É a crise, eu sei que é, deu até no Jornal Nacional.
Horas depois entrevistei o dono da padaria que repetiu a ladainha mudando certos acordes:
- Vendo fiado, o gajo não me paga e tenho que pagar o fornecedor. A farinha está cara, o fermento subiu ontem. Desse jeito não dá.
Na praça um economista petista discursava aos jovens. Depois de uma breve introdução sobre mais valia a conjuntura em profundidade:
- Desde 1929 o destino do capitalismo está traçado. A burguesia tenta socorrer, mas de nada vai adiantar. As crises são freqüentes e cada dia que passa estão mais próximas. O tempo das elites decadentes está contado, mas resta uma esperança. Com Lula e o petróleo do pré-sal haverá justiça social. O Brasil vai se transformar em um nirvana socialista.
Fiquei pensativo olhando ele partir com sorriso de beato. Saiu cantarolando:
- Lula lá, Lula lá, a riqueza vai chegar...
Impressionante! Economistas petistas têm certezas. São raros os humanos assim.
Por falar em petistas, gosto do Suplicy. Sou a favor do plano de renda mínima, mas não gosto quando ele canta. Sou contra cantores desafinados...

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