Infanticídio

Conversa 79% fiada

Guilherme Fiuza
A delegada do caso Isabella informou que 70% do crime estão esclarecidos. Notícia importante.
Será interessante se os locutores de futebol adotarem essa metodologia. Se o time A termina o primeiro tempo vencendo o time B por um a zero, é anunciado que o jogo está 50% ganho. (Se no final o time B ganhar por quatro a um, bem, paciência…)
Seria importante que a doutora delegada revelasse ao Brasil os segredos da sua escala. Evidentemente, ninguém vai supor que a eminente autoridade policial jogou um número ao vento, apenas como um quitute aos jornalistas.
Se os tais 70% não são um número cabalístico, vale então especular sobre o valor percentual de cada descoberta. Quanto valerá o depoimento do porteiro? 20%? E o do pedreiro que trocou a porta do apartamento? 18%? E a perícia que aponta estrangulamento? 31,5%?
A delegada acredita que investigar a culpa de alguém por um crime é como correr uma maratona: só faltam 30% do percurso. Ou seja, é questão de tempo.
Mas, doutora delegada, e se nos últimos 30% aparecer um personagem novo confessando o assassinato? Nesse caso, doutora, seus atuais 70% serão iguais a zero.
Jamais se viu, em toda a história da investigação criminal, um caso 70% esclarecido. Das duas, uma: ou a delegada é uma revolucionária, ou é uma irresponsável.


Nota do Editor - O jornalista Guilherme Fiuza viveu um drama que guarda semelhanças com o caso Isabella. Sua ex-mulher tropeçou e a criança que carregava nos braços, filha do casal, caiu do vigésimo andar. A notável diferença é que o jornalista correu para o local da queda e tomou a criança nos braços. É o que a maioria dos pais faria, não é o que o pai de Isabella fez, segundo a imprensa. Para todo comportamento humano há uma razão. (Sidney Borges)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu