Brasil

Lula

Thomas Traumann em O Filtro
A principal sinalização política do dia ganhou apenas rodapé nos jornais: a ameaça do presidente Lula de romper com o PT se o partido insistir em levar adiante a tese do terceiro mandato. Em encontro ontem com a bancada do PDT, Lula ouviu de seu ex-ministro e senador Cristovam Buarque (PDT-DF) a informação de que iria “bater” na proposta da nova reeleição. “Batam o máximo na proposta. Isso é meio absurdo. Se o PT aprovar isso, eu rompo com o PT”, afirmou Lula, autorizando o senador a divulgar a frase. Até que a ameaça demorou. A idéia de um terceiro mandato para Lula – que chegou à imprensa, é bom lembrar, por meio de Fernando Henrique Cardoso – ganhou visibilidade com a movimentação do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Devanir anunciou que começa, hoje, a reunir assinaturas para uma proposta de emenda à Constituição que acabe com a reeleição e amplie o mandato presidencial para cinco anos – manobra que, em tese, iria zerar o jogo eleitoral e permitir uma nova candidatura de Lula.

Devanir não é um deputado qualquer. Foi da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC quando Lula era presidente, participou da histórica “turma do Mé” (o grupo pré-PT montado por Frei Betto para discutir política) e é um dos poucos políticos que dona Marisa Letícia deixa sentar no sofá da sala sem fazer cara feia. Lógico, seria mais fácil para o presidente ligar e dar uma bronca homérica em Devanir (o que, conhecendo o estilo de Lula, aposto que já fez um milhão de vezes), mas esse tempo já passou. A idéia do “queremismo” ganhou adeptos por uma turma que vai do prefeito do Recife, João Paulo, à governadora do Pará, Ana Júlia, passando pelo discreto presidente do PT, Ricardo Berzoini. Se o próprio Lula não tomar uma atitude, o medo de parte do PT de perder o poder em 2010 pode abaixar ao esgoto o nível pedestre do debate político do país.

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