Energia

Relatório da ABEN demonstra que nuclear é fonte de energia que menos emite CO2

Fonte Nuclear
A ABEN protocolou no Ibama relatório em que apresenta uma análise comparativa das emissões diretas e indiretas de CO2 das fontes de geração energética. O documento comprova que a energia nuclear é a alternativa que menos contribui para o aquecimento global. O documento é um contraponto a um relatório elaborado pelo Greenpeace, com dados não-comprovados e também protocolado no Ibama, em que a ONG contesta a afirmação de que o uso da energia nuclear não resulta na emissão de gases-estufa. O Ibama realizou entre os dias 25 e 28 de março quatro audiências públicas nos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro, no estado do Rio, e Ubatuba, em São Paulo, como parte do processo de licenciamento ambiental de Angra 3 e está recebendo documentos sobre o tema que integrarão o dossiê dos eventos.
A análise da ABEN foi feita com base em estudos de universidades da Alemanha e da Suíça e do Governo do Reino Unido e compara as emissões decorrentes de sete fontes de geração energética. A energia nuclear aparece juntamente com as usinas hidrelétricas como as alternativas que menos emitem CO2 para a atmosfera. As centrais nucleares emitem entre 5 e 33 gramas por quilowatt-hora (g/kWh) de CO2, enquanto as hidrelétricas emitem de 4 a 36 g/kWh. Logo depois, vêm as energias eólica e solar. A primeira resulta na emissão de 10 a 38 g/kWh. Já a segunda emite entre 78 e 217 g/kWh.
Os combustíveis fósseis ocupam as três últimas posições, sendo responsáveis por emissões que são muito superiores às das outras quatro fontes analisadas. A menos nociva para o meio ambiente é o gás natural, cujas usinas geradoras emitem entre 399 e 644 g/kWh. Em seguida, vem o óleo combustível, que resulta na emissão de 550 a 946 g/kWh. Em último lugar, está o carvão, cujas usinas emitem entre 838 e 1.231 g/kWh.
Para o presidente da ABEN, Francisco Rondinelli, a análise mostra claramente que a geração nuclear é de fato limpa e pode contribuir para a mitigação dos efeitos do aquecimento global. “Defendemos que não existe uma solução única para as necessidades energéticas e ambientais do país. Se o Brasil pretende manter o seu ritmo de desenvolvimento e atender as demandas da sociedade, todas as fontes viáveis para a geração elétrica serão imprescindíveis na composição de nossa matriz energética, entre elas a nuclear, que tem benefícios ambientais irrefutáveis”, ressalta.
Ele acrescenta que a discussão sobre os rumos do setor nuclear brasileiro é de extrema importância para o futuro do país e precisa ser embasada em informações isentas e qualificadas. “Temos grande potencial para a exploração desta fonte de geração e não podemos nos dar ao luxo de abrir mão de seu uso. Se fizermos isso, estaremos comprometendo nossa segurança energética”, complementa.
A Eletronuclear também protocolou dois documentos que refutam relatórios do Greenpeace sobre os custos de Angra 3 e supostas emissões de CO2 resultantes do uso da energia nuclear. O assistente da Presidência, Leonam Guimarães, afirma que, no documento divulgado sobre os custos da usina, a ONG utilizou impropriamente o nome da Universidade de São Paulo (USP). Ele diz que o estudo foi elaborado por pesquisadores ligados à universidade e não pela instituição propriamente dita.
Além disso, o trabalho dos pesquisadores corresponde a apenas um capítulo do documento do Greenpeace. Os demais são de autoria da entidade, como os próprios cientistas da USP ressaltam. “O Greenpeace fez interpretações e extrapolações dos dados técnicos que não guardam nenhuma relação com os resultados apresentados pelo grupo de pesquisadores ou foram feitas de forma capciosa, embutindo equívocos técnicos que levam o leitor desavisado a passar a crer nos pressupostos ideológicos defendidos por essa organização internacional”, diz Guimarães.

Equívocos do Greenpeace

O relatório apresentado pelo Greenpeace é parcialmente copiado de apresentação feita em dezembro pela Eletronuclear na USP, só que com trechos alterados, como no caso do valor total do investimento previsto. A entidade alterou o número de R$ 7,355 bilhões para R$ 9,22 bilhões. Para obter esse novo valor, a ONG adicionou os juros durante a construção (JDC) ao total a ser investido, o que não é feito para nenhuma análise de projeto de investimento. De acordo com a empresa, os JDC serão considerados e quitados durante a operação normal da planta, através dos valores arrecadados com a venda da energia elétrica. Não haveria, portanto, nenhum subsídio ou valor escondido, como quer fazer crer o Greenpeace.
Segundo Leonam Guimarães, outro equívoco da ONG é afirmar que a taxa interna de retorno (TIR) de 10% considerada pelo Governo seria uma forma de subsídio a Angra 3 e comparar essa taxa com a utilizada pela iniciativa privada para investimentos em geração elétrica. Ele frisa que são duas situações completamente diferentes, pois Angra 3 não faz parte do mercado de investimentos privados, na medida em que a geração nucleoelétrica é uma competência constitucional da União.
“Trata-se de um empreendimento público. O Governo não precisa remunerar a si próprio. O que ele tem que fazer é garantir a modicidade tarifária para o consumidor, evidentemente, sem prejuízos para o Tesouro. Uma remuneração de 10% é usual em projetos de grande porte e longo prazo de maturação. O prazo de amortização do investimento de um projeto como Angra 3 é de 46 anos. Não dá para comparar, por exemplo, com uma térmica a gás, cujo prazo de amortização é de 15 anos. Uma taxa maior de remuneração, como a praticada no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), tem o propósito de incentivar o investidor privado a assumir riscos e expandir a atividade no país”, explica Guimarães.
A Eletronuclear também rebateu as acusações de que o uso da energia nuclear resultaria na emissão de gases-estufa. Enquanto o Greenpeace afirma que a operação de Angra 3 resultaria em emissões equivalentes de até 150 g/kWh de CO2, estudos mostram que o valor considerado para uma usina nuclear é de até 40 g/kWh. No Brasil, esse número deve ser menor. “Aqui a energia elétrica gasta ao longo da cadeia produtiva do combustível nuclear é de origem hídrica, enquanto no resto do mundo é térmica. Então, a emissão de CO2 decorrente do uso dessa energia tende a ser menor que a média mundial por causa da característica da matriz elétrica brasileira”, conclui.

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